segunda-feira, agosto 14, 2006

Comentando

É sabido que o estudo do modo de agir dos animais poder nos fornecer dados importantes a respeito do comportamento humano.
Só para exemplificar, aí estão os experimentos de Pavlov, a respeito do “reflexo condicionado”, feitos em ratos de laboratório.
Mereceu-nos atenção, por isso, um documentário apresentado no “Animal Planet”, focalizando os métodos de caça dos leões selvagens.
Em resumo, ficamos sabendo que são as leoas que caçam e em grupo, quando asa presas são animais maiores, como os búfalos, que são capazes de dilacerar, com seus chifres, um leão adulto, com extrema facilidade.
Uma manada de búfalos, em deslocamento, mostra a existência, entre eles, de animais enfraquecidos pela idade e é aí que entra o chamado “instinto de predador”, existente nos felinos.
Sem se fazerem notar, elas acompanham o rebanho e, após colocarem os filhotes em local seguro, passam a atacar o animal mais velho, de maneira impiedosa e feroz.
O “instinto de predador” faz a escolha certa e o búfalo ferido resiste por pouco tempo, sob os olhares atentos dos leõezinhos, ao longe.
Nem mesmo a reação dos búfalos mais jovens consegue resultado, e, após matar a vítima, os felinos começam a devorar a presa, ali mesmo.
Há, aparentemente, todo um ritual, com os filhotes e o macho dominante sendo chamados para participarem do banquete a céu aberto.
O comportamento destes animais guarda certa semelhança com o modo de agir de certos grupos humanos, com a diferença fundamental de que, enquanto os leões atacam para saciar a fome, os “racionais”, ao fazê-lo são movidos por motivos menos nobres.
Da mesma forma que as leoas agem em bando, assim também procuram agir os assaltantes que se juntam em grupos, bem organizados.
Escolhem ambos, como vítimas, aquelas criaturas com menor poder de reação, geralmente as mais velhas ou combalidas.
Como acontece com os animais, o “instinto de predador” já está presente entre os jovens humanos e, como comprovação, basta ver como eles se tornam inconseqüentes quando se agrupam, muitas vezes desafiando pessoas e costumes, especialmente se não tiverem tido uma educação mais eficiente, capaz de inibir os desvios comportamentais.
O grande dilema das sociedades permissivas, como a nossa, é traçar e impor limites para os jovens, em casa, na rua, na escola.
Sem esses limites, não há como frear os impulsos causados pelos instintos humanos, dentre os quais, atavicamente, se salienta o que batizamos como “instinto de predador”, indispensável à sobrevivência da espécie, em priscas eras, onde as atividades de caça e de pesca eram a única forma de garantir a sobrevivência dos grupos humanos.
Todos esses aportes vão estruturando a personalidade e a única maneira de direcioná-la para o Bem é através de uma educação de qualidade em que educando, família e sociedade estejam integradas, de maneira real.
Urge, para tal, a tomada de uma série de medidas, não somente pontuais, capaz de livrar nossos jovens das situações que, exercitando o “instinto de predador”, possam levá-lo á marginalidade.
Mesmo na condição de búfalo ferido, aqui estamos, alertando para a gravidade da situação, não só em São Paulo, mas em todo o país, inclusive de cidades aparentemente pacatas, como Muriaé.
E que medidas sejam tomadas com rapidez, inteligência e coragem, antes que seja tarde demais, tanto para os búfalos quanto para os leões...