quarta-feira, julho 26, 2006

Comentando Ítalo José Mannarino


Quando tocado por fortes emoções, não sei como dissimular os sentimentos e, a bem da verdade, muito raramente busco fazê-lo
Um dos motivos capazes de provocar-me transtornos desse tipo é a lembrança de fatos e pessoas especiais, daquelas que impregnaram meu coração com o perfume da amizade, do companheirismo, da afeição recíproca e da fraternidade.
Enumerá-las, uma por uma, até que não chega a ser uma tarefa difícil mas devo confessar que Ítalo José Mannarino se encaixa perfeitamente nesta descrição.
Reservo-me o direito de não me alongar, falando sobre a personalidade ímpar, o caráter, a compostura moral, a integridade e a generosidade desse extraordinário e distante amigo, mas gostaria de revelar um fato que revela, um pouco, da grandeza e da dignidade desse ilustre muriaense.
O Rio de Janeiro, onde morávamos, possuía uma reputação nada recomendável em matéria fiscal e, certo dia, a empresa onde eu trabalhava foi visitada por agentes do Ministério do Trabalho, sendo um deles bem idoso, falante e até simpático.
Tinham eles a missão de fiscalizar o estabelecimento e tentei deixá-los à vontade sendo que, após algumas horas, o mais velho voltou, entrou na minha sala, fechou a porta e se sentou à minha frente.
Em poucos minutos, aquele senhor “despejou” sobre minha mesa uma enorme relação de irregularidades, anunciando pesadíssima multa.
Indagado por mim, a respeito do valor da multa, o fiscal encerrou o assunto, garantindo-me que, por “DEZ POR CENTO” daquele total, ele ignoraria tudo e só voltaria no próximo ano...
Num primeiro instante, fingi não ter entendido a “proposta” e solicitei que ele destacasse a multa a fim de que pudéssemos pagá-la e recorrer da notificação.
Tomado de surpresa, ele ainda tentou ponderar sobre as “vantagens oferecidas” mas, quando lhe perguntei se não tinha vergonha dos seus filhos e dos seus netos, ele se levantou, ameaçando ir embora.
Em seguida, pediu que o encaminhasse ao dono da empresa , a fim de conversar sobre o caso.
Indiquei-lhe o caminho e pedi à Secretária que fizesse o encaminhamento, dando o assunto por encerrado.
Relatei o fato a alguns amigos até que, meses após, ao participar de um imponente “Congresso de Transportes Intermodal de Cargas”, ao discutir o tema Segurança no Trabalho, fomos informados de que, no Rio de Janeiro, havia aparecido um chefe incorruptível, incapaz de aceitar ou de permitir que se aceitasse vantagens extras, e que esse homem era, nada mais nada menos do que Ítalo José Mannarino, funcionário de carreira que, na DRT, começava a impor sua filosofia de trabalho, para desespero de funcionários corruptos e desonestos!
Isto me fez lembrar o episódio havido na sede da empresa e passei a me sentir orgulhoso da atuação do amigo, hoje distante.
No relado desta história, abstive-me de citar os nomes dos principais envolvidos pois aqueles fiscais já devem ter se aposentado do trabalho e, quiçá, da vida!
Há sim, muitos outros motivos pessoais e profissionais que tornam Dr. Ítalo José Mannarino uma criatura verdadeiramente especial!
Ao fazer tal registro, sinto o coração tocado por fortes emoções, sentimentos despertados por um simples “e-mail” que exala o perfume de uma amizade, de um companheirismo, de uma afeição recíproca e de uma fraternidade que, somente pessoas de uma envergadura moral de Ítalo José Mannarino são capazes de promover!