sexta-feira, maio 19, 2006

HISTÓRIAS DO MEU SERTÃO - OS MILAGRES DA BOTINA GRANDE

Severino largou o Ceará e foi para São Paulo, em busca de condições melhores de vida. Com ele, a mulher e dias filhas menores, além do papagaio.
Com um pouco de sorte, através de um conterrâneo, conseguiu o emprego de caseiro, num sítio distante da Capital.
Homem profundamente religioso, Severino deixou de freqüentar a Igreja, pela distância imensa em que ficava a capela mais próxima de sua casa. Isto lhe causava grande tristeza, mas, no dia em que sua filha menor adoeceu nosso amigo não teve dúvidas:
Antes de buscar socorro médico, resolvei ir até a Igreja para rezar.
Para tal, Severino colocou sua melhor roupa e calçou uma velha botina que o dono do sítio havido deixado na sede, tão velha quanto grande para os pés do pai aflito.
Duas léguas depois, lá estava ele dentro da Igreja, repleta de fieis. Mas, ao se ajoelhar, Severino se lembrou de que... não sabia rezar!
Para não passar vergonha, resolveu usara um artifício. “Bastava – pensava ele- repetir as palavras dos fiéis e estava sanado o problema”.
Um dos presentes, ao ver o tamanho da botina de Severino, murmurou:
-Meu Deus! Que botina grande!
Aquilo chamou a atenção e todos, à volta de Severino repetiam a mesma frase:
Nosso amigo ouviu bem e, com o coração repleto de dor e de fé, repetia:
- Meu Deus, que botina grande! Salve minha filha, meu Deus que botina grande!
Severino rezou com tanta fé que o Senhor teve piedade dele:
Ao chegar em casa, sua filha estava brincando, totalmente curada!
A fé, realmente remove montanhas...