domingo, maio 07, 2006

OS BUROCRATAS DE PLANTÃO

Vamos comentar hoje, fatos que aconteceram no Rio de Janeiro nos fins dos anos 70.
Informados de que, naquele estado, havia muitas vagas para professores habilitdos, procuramos o secretário de Educação, Arnaldo Niskier, no sentido de ser minha esposa transferida de Minas para o Rio, como fucionária pública concursada.
Vale registrar que, morando lá, semanalmente ela vinha a Muriaé lecionar, fato que estava causando fatos irreparáveis à sua saúde.
Esperávamos que ela fosse requisitada para o Rio, um estado tão carente de professores qualificados.
Recordo bem que Arnaldo Niskier, numa atitude típica de quem não quer resolver o problema, disse-nos que “só poderia requisitá-la, caso Minas continuasse a pagar-lhe os saláriods devidos...”
Sem mais delongas.encerrou ele a audiência, dizendo que “ficaria esperando o termo de compromisso, para poder tomar as atitudes de praxe”
Era como se estivéssemos ali, roubando o percioso tempo de um secretário que, pelo que se viu, não estava muito preocupado, em melhorar a qualidade do ensino, contratando professores habilitados.
Minas jamais iria abrir mão do concurso de uma professora, ainda mais se tivesse que pagar-lhe os salários para ela lecionar em outro estdo da federação!
Tudo aquilo que ocorreu naquela sala podei ser resumido num sonoro “não” de um burocrata de plantão!
Infelizmente, nesse ir-e-vir semanal, o estado de saúde de minha esposa se agravou e, após várias cirurgias, veio a impossibilidade de ela continuar a trabalhar na carreira que abraçara.
É claro que, se Minas perdeu uma excelente professora, o Rio perdeu mais, pois ela poderia ter encerrado lá a sua brilhante carreira.
Situações assim, pontuais, geram barreiras intransponíveis para uma classe tão desprezada pelos governantes!
O quadro assustador da educação no Brasil mostra a necessidade imediata de mais 360 mil novos professores para evitar o caos no sistema.
Fossem os burocratas um pouco mais sensíveis e, seguramente, esta dependência seria muito menor!
Realmente, a falência do sistema educacional está intimamente ligada ao desestímulo que professores recebem dos governos, como aqui em Minas, que ficou mais de 10 anos em dar aumento aos professores da rede pública.
Isto sem dizer que os salários dos mestres sempre foram ridículos e insuficientes, em todo o país.
Mesmo aqueles professores que, por força daas especializações, atingiram os mais altos cargos do magistério, jamais foram bem remunerados!
Enquanto os governantes não passarem a encarar, de fato, o magistério como uma profissão relevante, os melhores mestres estarão sempre migrando para outras atividades, ou terão duplas ou triplas jornadas de trabalho, para poderem sobreviver.
Nada se pode esperar de um país que não priorize a educação, como o mais precioso dos investimentos a médio e a longo prazo!
Temos assim, se quiseremos crescer como nação, mudar esse estado de coisas, deixando de tratar os professores com a ótica dos burocratas, como tivemos a ocasião de presenciar no Rio de Janeiro.
O desenvolvimento sustentável, passa por uma educação de qualidade que só pode ser conseguida com bons mestres, como minha esposa, que teve sua carreira cortada pela insensibilidade dos burocratas de plantão...