Bontzye, o Silencioso de Peretz
Trazemos à apreciação dos amigos, este conto de Peretz, por nós compilado, cujo título é “Bontzye, o silencioso”.
Vamos a ele:
Bontzye viveu em silêncio e, em silencio, morreu! Depois de morto, o vento derrubou a tabuleta que lhe marcava o túmulo e a mulher do coveiro usou-a para ferver um caldeirão de batatas, para o almoço do dia...
Teve ele um nascimento silencioso, uma vida silenciosa e um enterro mais silencioso ainda. Mas, no outro mundo, não foi bem assim...
O troar de uma grande trombeta anunciou sua morte nosso Pai Eterno foi recebê-lo, na entrada do céu. Mas era preciso fazer o julgamento de Bontzye, como se faz com todos os mortais!
Tudo aquilo só podia ser um sonho e quando o Juiz Eterno passou a palavra Ao Advogado de defesa, Bontzye fechou os olhos para ouvir melhor às palavras ditas pelo mesmo. E assim falou o advogado de defesa:
- Desse homem, jamais partiu uma só queixa contra Deus ou contra os homens. Jamais dirigiu aos céus um só olhar de súplica e assim viveu, como o mais santo dos homens!
Na sua ingenuidade, Bontzye não sabia de quem ele falava e o advogado continuou:
-Mesmo quando sua mãe morreu, deixando-o nas mãos de um pai bêbado e uma madrasta que o maltratava, ele jamais se queixou! Criado sem amigos, sem escola, foi jogado numa cidade grande onde foi preso e condenado sem saber o motivo... Anos depois, casou-se, mas a esposa também o abandonou, deixando-o um filho, o mesmo filho que, anos mais tarde iria expulsa-lo de casa.
Sobre tais fatos – prosseguiu o advogado -, ele sempre guardou o silêncio, o mesmo silêncio que o acompanhou quando uma carruagem passou sobre as pernas, esmagando-as! Em silêncio permaneceu, em lenta agonia, nos últimos instantes de sua vida, até que morte chegou...
Foi aí que Bontzye tece a certeza de que estavam falando dele e começou a tremer, quando o Pai Eterno passou a palavra ao Promotor, para o libelo da Acusação. E, com ar grave, o Promotor limpou um pigarro e começou a falar:
- Bontzye, Bontzye... E, com suave doçura, concluiu a peça acusatória, acrescentando:
- Bontzye, meu filho.
O coração de Bontzye se desfez em prantos, ao descobrir que aquilo não era um sonho e quis abrir os olhos, mas não conseguiu.
Neste instante, o Pai Eterno tomou a palavra e concluiu:
- Bontzye, meu filho. Tu sofreste por toda a vida e mantiveste o silêncio. Não há uma só parte de seu corpo e de tua alma que não tenha uma cicatriz! Eras o prisioneiro do sofrimento, mas, a partir de agora, estás livre. Tudo o que há, tudo o que existe aqui no Céu te pertence! Podes pedir o que quiseres que te será concedido!
Bontzye ergue os olhos pela primeira vez e fica deslumbrado, com tanto luxo, com tanta riqueza, com tanto ouro e pedras preciosas.
Então, baixando os olhos timidamente pergunta:
- De verdade? Tudo o que eu pedir? Tudo mesmo?
- Tudo, meu filho – confirma o Pai Eterno.
V sorri pela primeira vez na vida e, olhando para os lados fala com a voz embargada de felicidade:
-Se é assim, se tenho direito a tudo que eu quiser, peço que a cada dia pela manha, me dêem um pãozinho quente, com manteiga...
O tribunal, os Anjos baixaram os olhos e o Pai Eterno sorriu com doce piedade...
Vamos a ele:
Bontzye viveu em silêncio e, em silencio, morreu! Depois de morto, o vento derrubou a tabuleta que lhe marcava o túmulo e a mulher do coveiro usou-a para ferver um caldeirão de batatas, para o almoço do dia...
Teve ele um nascimento silencioso, uma vida silenciosa e um enterro mais silencioso ainda. Mas, no outro mundo, não foi bem assim...
O troar de uma grande trombeta anunciou sua morte nosso Pai Eterno foi recebê-lo, na entrada do céu. Mas era preciso fazer o julgamento de Bontzye, como se faz com todos os mortais!
Tudo aquilo só podia ser um sonho e quando o Juiz Eterno passou a palavra Ao Advogado de defesa, Bontzye fechou os olhos para ouvir melhor às palavras ditas pelo mesmo. E assim falou o advogado de defesa:
- Desse homem, jamais partiu uma só queixa contra Deus ou contra os homens. Jamais dirigiu aos céus um só olhar de súplica e assim viveu, como o mais santo dos homens!
Na sua ingenuidade, Bontzye não sabia de quem ele falava e o advogado continuou:
-Mesmo quando sua mãe morreu, deixando-o nas mãos de um pai bêbado e uma madrasta que o maltratava, ele jamais se queixou! Criado sem amigos, sem escola, foi jogado numa cidade grande onde foi preso e condenado sem saber o motivo... Anos depois, casou-se, mas a esposa também o abandonou, deixando-o um filho, o mesmo filho que, anos mais tarde iria expulsa-lo de casa.
Sobre tais fatos – prosseguiu o advogado -, ele sempre guardou o silêncio, o mesmo silêncio que o acompanhou quando uma carruagem passou sobre as pernas, esmagando-as! Em silêncio permaneceu, em lenta agonia, nos últimos instantes de sua vida, até que morte chegou...
Foi aí que Bontzye tece a certeza de que estavam falando dele e começou a tremer, quando o Pai Eterno passou a palavra ao Promotor, para o libelo da Acusação. E, com ar grave, o Promotor limpou um pigarro e começou a falar:
- Bontzye, Bontzye... E, com suave doçura, concluiu a peça acusatória, acrescentando:
- Bontzye, meu filho.
O coração de Bontzye se desfez em prantos, ao descobrir que aquilo não era um sonho e quis abrir os olhos, mas não conseguiu.
Neste instante, o Pai Eterno tomou a palavra e concluiu:
- Bontzye, meu filho. Tu sofreste por toda a vida e mantiveste o silêncio. Não há uma só parte de seu corpo e de tua alma que não tenha uma cicatriz! Eras o prisioneiro do sofrimento, mas, a partir de agora, estás livre. Tudo o que há, tudo o que existe aqui no Céu te pertence! Podes pedir o que quiseres que te será concedido!
Bontzye ergue os olhos pela primeira vez e fica deslumbrado, com tanto luxo, com tanta riqueza, com tanto ouro e pedras preciosas.
Então, baixando os olhos timidamente pergunta:
- De verdade? Tudo o que eu pedir? Tudo mesmo?
- Tudo, meu filho – confirma o Pai Eterno.
V sorri pela primeira vez na vida e, olhando para os lados fala com a voz embargada de felicidade:
-Se é assim, se tenho direito a tudo que eu quiser, peço que a cada dia pela manha, me dêem um pãozinho quente, com manteiga...
O tribunal, os Anjos baixaram os olhos e o Pai Eterno sorriu com doce piedade...
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