DOS DISCURSOS DE IMPROVISO

Se pudéssemos dar um conselho ao presidente Lula, iríamos sugerir que ele na se deixasse envolver pelo “clima” de certas cerimônias públicas, que o levam a abandonar o texto original de seus discursos e partir para os improvisos que causam tanto mal-estar, quase sempre.
Insistindo em klongos pronunciamentos improvisados, Lula abre a guarda para o contra-ataque dos adversários, como ocorreu recentemente no episódio motivado por suas palavras em Jaguaré –ES.
Lamentavelmente, na insistência de nosso presidente, fica caracterizada uma atitude que soa como leviana e que nada acrescenta à rica biografia de Luiz Inácio Lula da Silva.
Vários dirigentes, é bom que se diga, em todas as esferas do poder, têm cometido o mesmo equívoco, ao denunciarem ações ilegais dos antecessores, sem a devida tomada de providências para a apuração dos fatos, especialmente na área criminal, como seria lícito esperar.
O dirigente que assim precede não age com o devido respeito ao cargo que ocupa, parecendo mais preocupados em “aparecer” do que em resolver os problemas apontados.
Com denúncias sem prova s ou não formalizadas, perante os tribunais, as palavras se perdem no vazio e soam como “factóides” que geram revoltas, mesmo que sejam entendidas como uma forma de enfatizar pequenas distorções por ele encontradas, ao assumir o governo.
Ênfase que, nessas ocasiões, não têm faltado ao presidente Lula, sempre aplaudida por uma legião de falsos amigos e por assessores mal preparados, verdadeiros aspones, que não têm a coragem de respeitosa, mas firmemente, alertá-lo a respeito das conseqüências de palavras impensadas ditas por um Presidente da República,
É constrangedor verificar que os “amigos do rei” só se manifestam após o fato consumado, tentando explicar o inexplicável, na base de sofismas que nada esclarecem, que nada acrescentam e que, invariavelmente, põem mais “lenha na fogueira”.
Limitando-se ao texto adrede mente preparado, o dirigente passa uma imagem de austeridade que, no entendimento de muitos “marqueteiros” não dá ibope, não dá votos, não traz notoriedade.
Isto porque, ao falar, Lula deve fazê-lo como Presidente em exercício, mas também como candidato à reeleição...
Nunca, porém, um dirigente deve se esquecer de que a todos governa, sendo-lhe vedado semear a cizânia no campo fértil dos corações, causando constrangimento ou ferindo pessoas, em busca de uma popularidade que pode dar mais voto, mas não engrandece o ser humano.
De todos os ditados populares mais conhecidos, um se aplica perfeitamente ao tema desse nosso comentário e deveria ser lembrado pelo nosso Presidente, especialmente quando ele sentisse aquela vontade de “dizer mais uma palavrinha” de improviso, indo “muito além do jardim”:
-“Aquele que fala demais, acaba dando “bom-dia” a cavalo”.