HISTÓRIAS DO SERTÃO - DE COBRAS E JARARACAS
Zé da Cobra era a figura mais conhecida naquele povoado. Para dizer a verdade, devia ter sido um rapaz bonito e muito paquerado pelas meninas. Mas, apesar de tudo, não havia se casado e isso me intrigou.
Certa vez, numa de minhas viagens por ali, chamei o Zé e, de conversa em conversa, perguntei a ele a razão de seu celibato.
O meu fortuito amigo suspirou e abaixando a voz, contou-me a seguinte história:
Há muitos e muitos anos, ele e a filha do Coronel, tiveram um caso, escondido da família e do povoado.
Num de seus encontros com, a outrora bela menina, Zé da Cobra ficou esperando por ela, completamente nu, embaixo de uma figueira, á margem do rio.
Tão distraído estava que não notou a aproximação de uma jararaca que, num bote certeiro, atingiu “a cobra” do Zé, no justo instante que a menina chegava.
Além da tragédia, foi um escândalo: “mas, logo ALI?” perguntavam as comadres, sem esconder o riso e a decepção.
Felizmente, o meu amigo tomou a vacina, ou melhor, o soro antiofídico e ficou curado, embora “mais leve”.
Mas o trauma foi tão grande que o Zé não quis mais saber de casamento e, a partir daquele dia “descobrado” jamais pode ter outra relação sexual, com quer que fosse.
Para encerrar o assunto, quis saber do Zé o que havia acontecido com a moça, a filha do Coronel e Zé contou; “Ela teve que se mudar, por causa do apelido”.
- Por causa do SEU apelido? Insisti
- Não – respondeu o Zé- Por causa do apelido que botaram nela.
- E que apelido foi esse? – perguntei.
-JARARACA – encerrou o Zé.
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