domingo, junho 25, 2006

Carta a Dilma Roussef

Muriaé, 06 de junho de 2006
À
Exma Ministra Dilma Roussef
Casa Civil da Presidência da República
Brasília – DF

Excelentíssima Ministra:

Há cerca de 40 anos, em meados de 1968, tive a oportunidade de me dirigir, através de uma carta, ao então “Gabinete Civil da Presidência da República”, sugerindo uma série de medidas capazes de minimizar o sofrimento de duas das mais humildes camadas da população, a dos trabalhadores rurais e a das empregadas domésticas.
Dentre as sugestões estava a de incluir, já naquela época, as duas categorias no Sistema Previdenciário Brasileiro, com a assinatura de Carteira Profissional e o estabelecimento de um Fundo de Aposentadoria, com recursos emanados da taxação de produtos agro-industriais a fim de, inclusive, evitar o crescimento do já preocupante êxodo rural.
Longe de mim imaginar que foram estas sugestões que desencadearam uma série de medidas tomadas por sucessivos governos posteriores a respeito do assunto mas, sem dúvida, restou-me a sensação de não ter me omitido, como cidadão, diante dos magnos problemas.
Hoje, talvez amparado pelo salvo-conduto da senilidade, aqui estou novamente, diante da Casa Civil mas, antes de prosseguir há de a Nobre Ministra permitir que eu me apresente:
Sou mineiro de Miraí, ex-professor, casado há 45 anos, um casal de filhos, netos, tendo residido por 15 anos no Rio de Janeiro, onde todos nos empenhamos para a realização do “sonho impossível” de Lula e de muitos bravos petistas, como o Nédson, atual prefeito de Londrina que, por sinal é meu sobrinho por ter se casado com a querida e saudosa Regina, filha de minha irmã, Josefina.
Aqui estou, na presença da digna Ministra porque, ao contrário do que afirma a propaganda institucional da Petrobrás, o Proalcool não tem SÓ 30 ANOS!
Como V. Excia poderá ver, nas cópias em anexo, meu pai, José de Paiva Loures, já em 1942, lá em Miraí, fazia os carros se movimentarem com o que ele chamava de “álcool motor” que ele produzia e que, com as adaptações nos veículos, substituía a gasolina, em falta, por causa da segunda Grande Guerra Mundial.
É claro que busco apenas o resgate da memória de um homem além de seu tempo, um pobre mecânico que, assim como o nosso Presidente, também tinha sonhos impossíveis.
Certo de que Vossa Excelência, ao tomar conhecimento desta história, terá por ele, meu pai, o mesmo orgulho que tenho, peço-lhe desculpas pelo tempo roubado.
Com profundo respeito,

Marcos Coutinho Loures