domingo, julho 30, 2006

Histórias do meu sertão



O gerente do Banco do Brasil, naquela época em que o empréstimo rural, para ser conseguido, dependia da boa vontade do chefe da Agência, quis conhecer o sítio do “seu” Laureano, antes de fazer a concessão.
Prendada dona de casa, a esposa do “seu” Laureano preparou o único peru que havia em seu quintal e ficaram esperando pela ilustre visita.
O gerente chegou e foi aquela festa. Como um bom negociante do dinheiro público, quis ele conhecer cada detalhe do sítio e, após duas horas de caminhada, voltou ele para o almoço, na casa modesta.
Sentaram-se à mesa e a refeição começou a ser posta. Conversa vai, conversa vem e, na porta da cozinha, aparece a esposa de Laureano, mostrando ao visitante o saboroso PERU ASSADO, em cima de uma reluzente bandeja de prata, enfeitada com frutas.
Mal a senhora deu dois passos em direção à mesa quando, num gesto infeliz, escorregou e lá se foi o peru, rolando pelo chão empoeirado.
O gerente se assustou mas a esposa de Laureano quase desmaia, sem saber o que fazer.
Foi aí que se viu a presença de espírito do matuto: Sem piscar uma só vez, ele se vira para a esposa e fala:
-“Tem portância não! Pega esse aí, joga no lixo e traz o OUTRO que tá lá dentro...”
Diante de tanta “fartura”, o Gerente se emocionou e o Banco do Brasil emprestou o dinheiro a Laureano.