domingo, maio 07, 2006

SOBRE ORESTO MANNARINO

É importante para quem escreve, fazer o registro de acontecimentos relevantes que possam enriquecer a história de uma comunidade.
Só como exemplo, nas comemorações do sesquicentenário de Muriaé, não seu o devido destaque a um dos nossos mais sensatos políticos do passado, o ex-prefeito Candido José Monteiro deCastro.
Levantamos este fato, na esperança de que algum pesquisador possa fazer o resgate da memória do nosso querido "Candinho".
Isto talvez se dê com o lançamento, pelo competente João Carlos Vargas, de um documentário contendo as biografias de personalidades que deram nome as ruas da cidade ou que exerceram função pública de relevância, conforme sugestão que fizemos, há tempos, à Prefeitura de Muriaé.
No tocante ao fato de existirem três muriaeenses que deram a vida, na luta pelas liberdades democráticas do País e que nem sequer são conhecidos entre nós, aqui vão mais algumas informações:
Daniel, Devanir e Joel, filhos de Esyher ede Ely José de Carvalho, por terem participado da resistência ao regime militar de 1964, foram presos e mortos, razão pela qual cada um recebeu o nome de rua, no Bairro das Indústrias, de Belo Horizonte.
A homenagem, amplamente divulgada, não serviu para mostrar a Muriaé, a importância dos três irmãos, na história de Minas e do Brasil!
Pelo sacrifício da própria vida, os jovens idealistas receberam, da terra onde nasceram, unicamente a indiferença!
Registramos também, um outro feito, envolvendo um jovem Delegado da Polícia Federal de Nova Iguaçu, que despertou todo o País para um problema que, até então, não havia merecido a atenção do poder público.
Isto se deu quando Dr. Oresto Mannarino comandava aquela Delegacia e, na chefia de uma operação policial inédita, resolveu combater o tráfico de animais silvestres, prendendo traficantes, queimando gaiolas e soltando milhares de azulões, curiós, coleiros, melros, canários, sábias, papagaios, araras, macacos e até filhotes de onça, trazidos do Norte ou do Nordeste, para serem vendidos no Rio de Janeiro.
Nas "charges", Dr. Oresto era apresentado como "o novo Francisco de Assis" mas, nas manchetes, jornalistas perguntavam se, "em Nova Iguaçu, não havia algo mais importante a ser feito pela Polícia Federal".
Consta que, depois de terem estranhado aquela ação pioneira do jovem Delegado, os Diretores da Polícia Federal, ao tomarem conhecimento do gigantesco esquema criminoso envolvido, passaram a apoiá-lo.
Estava iniciada a tomada de consciência indispensável ao combate ao tráfico de animais silvestres, em todo País.
Somente mais tarde, com leis mais duras, regulamentando atividades de caça e pesca, é que Dr. Oresto viu que sua iniciativa, pioneira e corajosa, não havia sido em vão!
Aqueles jornalistas que perguntavam "se não havia algo mais importante a ser feito pela Polícia Federal em Nova Iguaçu", acabaram por se render às evidências e a respeitar, ainda mais, aquele jovem Delegado que, talvez inspirado em sua saudosa mãe, Dona Carmela, que não podia ver um único pássaro preso em gaiola, ou em S. Francisco de Assis, ao abrir as portas das prisões para os passarinhos, permitiu que eles se espalhassem por todo o País, encantando-nos com seu canto, com sua beleza e com o exemplo de liberdade, como que agradecendo a Dr. Oresto Mannarino, por ter tido a coragem de por eles lutar, numa época em que, até para humanos, as cadeias representam uma sentença de morte!