O BOM CABRITO NÃO BERRA, MAS FICA NO PREJUÍZO...

Todos nós podemos tiara grandes lições das pequenas histórias que o povo conta, às vezes sob a forma de parábolas ou como espirituosas piadas, fiéis ao princípio de que “rindo, castigam-se os costumes”.
E para dar exemplo de um desses “causos”, repetimos aqui a história do rico fazendeiro que, ao saber da herança recebida por um amigo, começou a pensar numa forma de tomá-la,” com engenho e arte “...
Usando da melhor argumentação possível, o ambicioso senhor procurou convencer o companheiro a se tornarem sócios no negócio da criação de gado, um investimento de retorno rápido, seguro e permanente.
Segundo o amigo, uma pessoa desprovida de aspirações de riqueza e de poder, só depois de muita insistência o negócio foi fechado.
O dinheiro da herança seria investido na compra de dez novilhas de raça que ficariam na fazenda do criador, até que, ao começarem a produzir leite, seriam vendidas com altíssimo lucro, juntamente com as crias.
Logrando êxito na investida, o fazendeiro deu a palavra como o aplicador não iria se arrepender, visto que o gado era puro sangue, com sêmen importado da Holanda, como mandava o figurino.
Havendo entre eles, uma relação bastante amistosa, não foi necessária a lavratura de qualquer documento para comprovar a aplicação, bastando a palavra empenhada.
O tempo foi passando e sempre que os amigos se encontravam, conversavam sobre tudo, menos sobre os rumos da “sociedade”.
Sentindo que algo não ia bem, o aplicador resolveu tocar no assunto e, num belo dia, pesando bem as palavraqs para não magoar o amigo, perguntou como estavam as vaquinhas, se já tinham dado cria, e coisas assim.
Mostrando grande surpresa, o fazendeiro respirou fundo e foi direto ao assunto:
-Eu pensei que havia lhe contado tudo sobre a desgraça que se abateu sobre a criação.
-Fale logo – replicou o outro, com ansiedade.
-A doença matou as dez melhores bezerras, em menos de uma semana.
-Sinto muito, mas não entendi aonde o amigo quer chegar – falou o já desconfiado aplicador.
-Conto melhor, disse o fazendeiro e concluiu; Infelizmente as bezerras que morreram foram exatamente aquelas que o amigo havia comprado...
Nada mais havia a dizer, diante das palavras finais do esperto negociante.
A história que aí está pode parecer fantástica, fantasiosa, surreal ou outro nome que se lhe queira dar, mas com absoluta certeza, podemos afirmar que, se alterarmos alguns elementos do cenário, ela acontece com muita gente, como já aconteceu conosco quando investimos nossas parcas economia numa das empresas de um rico empresário.
Empresa esta que ao fim de alguns anos, foi fechada com grande prejuízo para todos.
Mesmo sabendo que não podemos fazer qualquer reparo legal ao acontecido, ainda hoje, quando nos lembramos da história, temos a exata noção do quanto fomos lesados e conservamos o silêncio a respeito do assunto porque, como se diz popularmente: “o bom cabrito não berra!”.