sexta-feira, junho 09, 2006

Do Caixa 2 e do Mensalão

De tudo aquilo que podemos observar da crise política brasileira, a conclusão a que chegamos é que, dela não foram extraídas as lições capazes de evitar sua repetição, em futuro próximo.
Estamos certos de que as raízes da mesma estão na impunidade, fator endógeno que a tornou possível.
Se a impunidade não for combatida, todas as medidas agora tomadas serão paliativas, não atingindo o âmago da questão.
Podemos citar, como medida necessária, a reforma urgente dos tribunais superiores, tornado-os verdadeiramente independentes para julgar quem quer que seja com rapidez e severidade.
Em relação às leis eleitorais, muitas existem que são verdadeiros entulhos, a partir da escolha dos candidatos, pois, ao que vemos alguns dos escolhidos não têm a menor condição moral par o exercício de qualquer função pública, com passado nebuloso e comprometedor.
Recordando o ocorrido nas últimas eleições, lembramos da campanha que se fez contra os candidatos analfabetos, deixando de lado aqueles que possuíam extensa ficha policial, colmo se o analfabetismo fosse mais comprometedor do que a desonestidade, no exercício de um cargo público!
Tão divulgado recentemente, o caixa 2, passou a vilão da crise política, mas ninguém garante que ele vai sumir de cena, pois é uma prática arraigada na sociedade brasileira, em todos os quadrantes.
A bem da verdade, o tal de “mensalão” nada mais é do que uma variante da utilização do caixa 2, montado através do “valerioduto”.
Se a compra de votos não foi devidamente comprovada, a tese mais provável é que Jefferson, ao se utilizar da metralhadora giratória, agiu em defesa própria, mas jogou por terra, em vala comum, todos os parlamentares, mesmo aqueles que não se beneficiaram do caixa 2 do PT.
Mesmo para os adversários de Lula ficou difícil aceitar a lógica de que o Governo armou um esquema para pagar a fidelidade de aliados, quando o mais lógico seria se tivesse ele buscado “comprar” aqueles não alinhados, como geralmente faz com as famosas “emendas parlamentares”.
Estranho verificar que muitos acreditaram nas teses de Jefferson, pois elas ferem os mais elementares princípios da lógica.
Um “mensalão” para amigos e aliados seria, no mínimo, um grande desperdício de tempo e de valores.
Duvidar das denúncias dos desesperados é dever republicano e, mais que isto, na política, “é preciso duvidar sempre do obvio”.
Embora não fossem denúncias tão obvias, mereceram destaque, com ataques sistemáticos à honra de homens de bem que existem em todos os partidos políticos, sem exceção.
Somente o esvaziamento das CPIs foi capaz de sinalizar pela inconsistência do esquema do “mensalão” montado por Jefferson.
Ele quase se tornou herói nacional, mas acaba como o grande vilão de uma história que armou com “engenho e arte”...
Juntando as peças que restaram da grande tragédia nacional, pouco sobrou uma vez que o “valerioduto” explodiu no colo de muitos homens públicos acima de qualquer suspeita, arrasando o PT e somos favoráveis a punições exemplares, pela utilização do caixa 2.
O mensalão vai entrar para a história como o produto de uma mente fértil de um político desesperado que, por muito pouco, quase jogou na lama a esperança de dias melhores para nosso povo, representada pela eleição de Lula, contra quem muitas vozes se levantaram, mas que se manteve distante das provas comprometedoras que muitos dos seus inimigos julgaram possuir, mas não conseguiram mostrar à nação.