quinta-feira, junho 29, 2006

Carta ao Secretário de Saúde de MG - Dr. DANILO DE CASTRO.

Muriaé, 31 de maio de 2006.
Excelentíssimo Senhor:
Motivo de grande honra o recebimento do gentil cartão do nobre Secretário que, por iniciativa do notável amigo comum Senhor Paulo Fraga, tomou como ponto de partida para estudos mais aprofundados, uma crônica de nossa autoria, publicada no número 101 do Correio Muriaense, a respeito da doação de órgãos.
A idéia, aparentemente boa, vai requerer uma análise séria de viabilidade, pois operacionalizá-la não parece ser tarefa fácil. Ao expô-la, pensamos em oferecer ao doador de órgãos uma espécie de “Plano de Saúde”, com algumas regalias relativas ao chamado “pronto atendimento”.
Estabelecer um “cadastro de doadores”, oferecendo, a cada um, o reconhecimento do mérito, através do diploma ou medalha (ou ambos), pode ser um passo inicial importante para incentivar a doação.
Feitas essas observações, gostaria de dizer ao nobre Secretário que, por ter residido no Rio de Janeiro, de 1977 a 1994, não tive a oportunidade de acompanhar a brilhante trajetória política de Danilo de Castro.
Contudo, depoimentos de pessoas especiais como Paulo Fraga, Aloysio de Aquino, e Dr. Geraldinho Baesso, ex-aluno residente em Mirai – MG, falam de um homem diferenciado pela retidão de caráter, pelo tirocínio e pela dignidade, ao contrário de muitos outros que não honram o voto que receberam.
Assim sendo, a simples atenção de Vossa Excelência ao artigo supracitado, é motivo de orgulho maior, mesmo que a sugestão apresentada não resulte em medidas práticas, pois, como disse Fernando Pessoa, “tudo vale à pena, se a alma não é pequena”.
Com sincera estima,
Marcos Coutinho Loures.

domingo, junho 25, 2006

Carta a Dilma Roussef

Muriaé, 06 de junho de 2006
À
Exma Ministra Dilma Roussef
Casa Civil da Presidência da República
Brasília – DF

Excelentíssima Ministra:

Há cerca de 40 anos, em meados de 1968, tive a oportunidade de me dirigir, através de uma carta, ao então “Gabinete Civil da Presidência da República”, sugerindo uma série de medidas capazes de minimizar o sofrimento de duas das mais humildes camadas da população, a dos trabalhadores rurais e a das empregadas domésticas.
Dentre as sugestões estava a de incluir, já naquela época, as duas categorias no Sistema Previdenciário Brasileiro, com a assinatura de Carteira Profissional e o estabelecimento de um Fundo de Aposentadoria, com recursos emanados da taxação de produtos agro-industriais a fim de, inclusive, evitar o crescimento do já preocupante êxodo rural.
Longe de mim imaginar que foram estas sugestões que desencadearam uma série de medidas tomadas por sucessivos governos posteriores a respeito do assunto mas, sem dúvida, restou-me a sensação de não ter me omitido, como cidadão, diante dos magnos problemas.
Hoje, talvez amparado pelo salvo-conduto da senilidade, aqui estou novamente, diante da Casa Civil mas, antes de prosseguir há de a Nobre Ministra permitir que eu me apresente:
Sou mineiro de Miraí, ex-professor, casado há 45 anos, um casal de filhos, netos, tendo residido por 15 anos no Rio de Janeiro, onde todos nos empenhamos para a realização do “sonho impossível” de Lula e de muitos bravos petistas, como o Nédson, atual prefeito de Londrina que, por sinal é meu sobrinho por ter se casado com a querida e saudosa Regina, filha de minha irmã, Josefina.
Aqui estou, na presença da digna Ministra porque, ao contrário do que afirma a propaganda institucional da Petrobrás, o Proalcool não tem SÓ 30 ANOS!
Como V. Excia poderá ver, nas cópias em anexo, meu pai, José de Paiva Loures, já em 1942, lá em Miraí, fazia os carros se movimentarem com o que ele chamava de “álcool motor” que ele produzia e que, com as adaptações nos veículos, substituía a gasolina, em falta, por causa da segunda Grande Guerra Mundial.
É claro que busco apenas o resgate da memória de um homem além de seu tempo, um pobre mecânico que, assim como o nosso Presidente, também tinha sonhos impossíveis.
Certo de que Vossa Excelência, ao tomar conhecimento desta história, terá por ele, meu pai, o mesmo orgulho que tenho, peço-lhe desculpas pelo tempo roubado.
Com profundo respeito,

Marcos Coutinho Loures

MUSICLIP– “Amada Amante”

Música tema – Roberto Carlos.

Música de fundo – a critério

Uma fantasia de Marcos Coutinho Loures.

Você apareceu na minha vida, como o sol da primavera, depois de uma longa e fria noite de pesadelos...

E como o sol, o despertar de nosso amor trouxe luz e calor à minha vida, cobrindo de flores perfumadas os caminhos por onde eu haveria de passar.

Você, muitas vezes AMIGA e várias vezes AMANTE, mas sempre querida e desejada, fez explodir em meu peito, o velho amor adormecido, amor antigo que, vencendo todos os preconceitos, passa por cima de todas as leis, tornando realidade sonhos impossíveis...

Enquanto muitos cultivam o desamor, criamos, para nós dois, um oásis onde AMAR é o maior de todos os desejos e o único dever...

Como ninguém, você sabe manter a chama do desejo, antes e depois do amor, resumindo, num momento único, os preciosos momentos da vida...

É para você, amada amante, que trago essa canção de amor, “um amor demais antigo, demais amigo” e que jamais será esquecido, neste mundo de nós dois...

Levada ao ar na TUPI-AM e na ROQUETE PINTO-FM, em 16/06/02

Musiclip– “FASCINAÇÃO”

Música tema – VRS A. LOUZADA

Música de fundo – a critério.

Uma fantasia de Marcos Coutinho Loures

Há sempre um jardim de sonhos, a enfeitar nossas lembranças mais queridas...

Um jardim onde, de vez em quando, podemos colher as flores da saudade de um tempo tão distante, mas tão presente, em nossas vidas...

Eu me lembro... Eu me lembro!

A orquestra embalava os sonhos inocentes de um botão em flor e aquela música suave, em divinas modulações, penetrava no âmago de meu ser, fazendo vibrar, em ressonância, todas as cordas da minh’alma!

Jovens casais enamorados pareciam flutuar sobre nuvens de cetim, trocando juras de amor eterno, ao som dos acordes melodiosos de uma canção, iluminada pelas luzes de um simples olhar...

O teu corpo, ali, juntinho ao meu, levava-me a sonhar lindos sonhos de amor, no gracioso bailado de minhas fantasias, repletas de anseios reprimidos.

Sem o saber, íamos escrevendo, no livro de nossas memórias as mais belas páginas que nem o tempo conseguiu apagar!

Por isso, quando penetro naquele jardim, onde plantei minhas lembranças mais queridas, lembranças de um tempo distante, mas tão presente, posso sentir ainda, nas flores do meu sonho, o perfume do teu olhar, nos melodiosos acordes de nossa canção de amor...

Levada ao ar, na TUPI-AM, em 25/05/90

Musiclip- Fé

Música de fundo – “balada pour Adeline – Richard Clayderman”.
Uma fantasia de Marcos Coutinho Loures.
-Senhor:
No instante em que as visitas se foram e deixaram-me só, preciso conversar contigo!
Gostaria de te dizer que, no meu leito de dor, aprendi as mais belas lições de vida, lições que tenho escutado de teus lábios, no silêncio das vibrações que invadem minh’alma e alegram o meu coração combalido, reacendendo a FÉ que sempre tive em tua mensagem de amor.
Através da invisível janela que tu abriste no meu peito, volto a ver, em nítidas cores, as cenas da minha vida e me descubro, ainda jovem, carregando nos ombros o peso de muitos erros, de muitos desencantos...
Inúmeras vezes tentei calar tua voz e, embriagado pelas ilusões, eu me afastei de ti e cheguei a me irritar com tua insistência em apontar-me os melhores caminhos...
Muitas vezes busquei o teu consolo, arrependido de meus erros para, logo a seguir, voltar a cometer os mesmos erros, desafiando os limites de tua misericórdia!
-Senhor!
Como o filho pródigo, volto à tua presença, pedindo-te que me aceites de novo! Como teu amigo, eu te peço que desculpes todos os meus erros, a fim de que eu possa me livrar da ansiedade que me acompanha e que me faz sofrer.
Eu te suplico que ilumines os médicos que e alternam junto à minha cabeceira porque sei que é, através deles, que teu poder se manifesta, nos milagres que a ciência não explica...
Contudo, se outro for o teu desejo, eu te imploro Senhor, que não desampares os que precisam de mim, mostrando-lhes o verdadeiro caminho da vida.
-Senhor:
Em tuas mãos, deposito minh’alma, suplicando-te que não deixes apagar, dentro de mim, a chama da FÉ em ti, meu Senhor, meu Deus, meu amigo!

Levada ao ar na TUPI-AM em 06/08/89

Musiclip- Nunca jamás

Musiclip
Música-tema: “Nunca jamás/ de Lalo Guerrero”
Música de fundo – a critério
Uma fantasia de Marcos Coutinho Loures

-Meu amor:
Ninguém, ninguém mesmo conseguiu entender as mudanças que houve em mim, depois que te conheci...
Durante a vida, foram tantas as desilusões que cheguei a desacreditar na existência do amor e zomba de todas as mulheres que vinham falar de um sentimento ignorado por mim...
Os loucos amantes, como os desprezava! Para mim, tudo se resumia no desejo, nada mais que no desejo de um homem para u’a mulher!
Mas eis que te conheci!
Jamais havia passado pela minha cabeça que teu vulto frágil pudesse despertar, em mim, um sentimento novo, adormecido há séculos, no fundo de minh’alma...
Eras uma aventura a mais, a fonte onde eu podia saciar a sede cíclica do desejo...
Não foi preciso muito tempo para sentir o quanto eu estava enganado...
No nosso primeiro encontro, teus olhos tristes e silenciosos fixaram-se nos meus, parecendo ler os mais íntimos segredos de minha alma...
Não escondi de ti minhas angústias mas, ao ouvi-las, apenas esboçavas um sorriso triste... Mais tarde, descobri que as minhas desilusões eram também as tuas; que os teus desencantos eram também os meus; que a minha descrença era a tua descrença!
Hoje, cansada de tudo, cansada de mim, confessas que não acreditas no amor, repetindo aquelas mesmas palavras que, em outros tempos, eu dizia a todas as mulheres...
Sei que pretendes me deixar mas, antes que te vás, eu peço que escutes meu coração, depois que ele descobriu haver um sentimento muito além de um simples desejo! Um sentimento que, nunca, jamais, pensei existir no fundo de minh’alma!


Levado ao ar na TUPI-AM e CONTINENTAL-AM em 13/04/90

quinta-feira, junho 22, 2006

Histórias do meu sertão - pescaria

O velho pescador, sem o saber, invadiu uma área de proteção ambiental, onde a caça e a pesca eram proibidas.
Iscou o anzol, jogou a linha no rio e ajeitou-se à espera do peixe.
Para seu azar, foi ele visto por um guarda florestal que, sem uniforme, se aproximou dele e “puxou” conversa:
-Olá, amigo! Tem tido muita sorte na pescaria?
O pescador, sem saber com quem estava falando, sem tirar os olhos do rio, respondeu:
-Sorte? Nem queira saber! Ontem mesmo, pesquei mais de vinte quilos!
Diante da confissão, o guarda sorriu e tirando do bolso o caderno de Notificações, continuou:
-Por acaso o senhor sabe com quem está falando?
Percebendo a “fria” em que havia se metido, o pescador fingiu indiferença e retrucou que não tinha a mínima idéia.
-Pois saiba que eu sou o Guarda Florestal responsável por esta área e, diante da confissão feita, vou ter que autuar o senhor!
Sem pestanejar, o velho pescador replicou:
-E, por acaso, o senhor guarda sabe com quem está falando?
O guarda, já acostumado com aquela reação, respondeu irritadamente:
-Não sei e nem quero saber!
-Pois saiba que, como pescador, eu sou o maior mentiroso da região!
E recolhendo a linha, o pescador se foi, deixando o Guarda Florestal atônito, sem saber o que fazer.

A vaca era a outra...

Quando Margaret ficou viúva, todos garantiram que, fogosa do jeito que ela era, em menos de seis meses ela estaria casada de novo.
Para dizer a verdade, candidatos não faltavam e, um deles, era o Virgilio que nutria pela mulher uma paixão secreta...
Um dia, com a desculpa de querer melhorar a raça dos animais de sua propriedade, Virgilio pediu autorização à viúva para cruzar o belo touro que ela havia herdado com uma vaquinha que ele havia comprado em um leilão.
Margaret não se opôs e até ajudou na “cerimônia” de casamento que, a bem da verdade, foi despertando o desejo de Virgilio, como aconteceu num dos mais comentados romances de todos os tempos, “A Carne” que, nos dias atuais, seria uma obra infanto-juvenil...
Com o desejo à flor da pele, Virgilio perdeu o controle e foi dando uma “indireta” para a dona do touro de raça:
-Esse touro é que é feliz, não acha Margaret?
- E muito! Desde que meu marido morreu não faço mais essas coisas...
-Que pena! Mas não vou te enganar: estou com uma vontade louca de fazer isso que o seu touro está fazendo –completou Virgilio.
Ao notar a malícia estampada nos olhos do interlocutor, Margaret que era uma mulher séria, arrematou na conversa:
-Mas não tem problema não compadre! Afinal de contas, a vaca é sua...
E, pedindo licença, entrou em casa e foi, calmamente fazer o almoço, depois de fechar a porta do quintal...

Histórias do meu sertão - guinorréia

Alcebíades, o Bide, a figura miais conhecida do povoado, considerava-se um felizardo! Além de ter-se casado com a mulher mais bonita das redondezas, tinha a plena liberdade de ir, todos os sábados, para o bar do Zé , onde ficava, por longas horas, discutindo futebol e tomando umas pinguinhas...
Acontece que Marilda, sua mulher, cansada de tanto ficar sozinha, acabou arranjando várias companhias, que se revezavam, enquanto seu marido se divertia no bar.
Para que Bide não desconfiasse de nada, ela exigia que os parceiros fizessem parte da turma do bar, dos amigos do esposo. O negócio funciona mais ou menos assim:
Quando Bide chegava, um dos amigos saía, ia até a casa do esposo traído, encontrava-se com Marilda e voltava, dando vez a outro, num rodízio que só terminava quando todos já estavam de “cara cheia”, altas horas da noite...
Mas, naquele sábado, exatamente no dia em que o Brasil iria jogar uma partida decisiva, tudo começou a mudar.
Alcebíades chegou e os nove amigos, já com o copo de pinga sobre o balcão, ofereceram a ele a dose inicial e ficaram assustados quando Bide pediu desculpas e falou que, a conselho do farmacêutico não iria mais beber, pois cachaça não combinava com os tais antibióticos que estava tomando.
-Mas o que é que você tem? Perguntaram todos.
-O farmacêutico disse que é uma tal blenorragia – respondeu o bom homem. “E o pior é que passei a doença para a minha santa mulher”...
-Blenorragia? Mas que diabo é isso? – perguntou um mais afoito.
Um terceiro, mais entendido explicou: “É a tal da guinorréia”!
Um por um, todos se retiraram do bar, metade atrás de Marilda pedindo explicações e a outra metade atrás do farmacêutico.
Mal sabiam que o “pai da criança” era o próprio...

editorial - de fé e de credulidade

É surpreendente verificar até onde chega a credulidade das pessoas, especialmente no tocante a fatos sobrenaturais!
Em todas as cidades, em todas as culturas, em todas as épocas, sempre houve “manifestações do Além” que ficaram famosas e que chegaram a provocar um clima de histeria coletiva e de fanatismo absurdo!
Para exemplificar, há tempos, em São Paulo, uma garotinha de dez anos de idade desapareceu e enquanto todos os parentes e vizinhos se colocavam em campo, para procura a garota, um “vidente”, muito amigo do pai da menina, disse que fora visitado pelo Espírito Santo que, em sonho lhe dera o local exato onde se encontrava o corpo da criança, violentada e assassinada por criminosos da pior espécie.
As buscas se voltaram para o local indicado e, efetivamente, lá estava o corpo da menina, insepulto.
Tão inacreditável quanto a história do vidente foi verificar que todos os envolvidos no caso inclusive o pai da garotinha, inclusive um conhecido comunicador de um programa popular, passaram a acreditar piamente no relato do tal vidente, que, como se viu posteriormente, estava envolvido no crime de morte!
Felizmente, a única pessoa que se portou de maneira sensata no caso, foi o Delegado de Polícia que acabou por obter a confissão do assassinato.
Se os amigos tiverem tempo, procurem saber como a atriz Myriam Rios perdeu uma fortuna, por ter acreditado em pessoas inescrupulosas, logo após ter se separado de Roberto Carlos...

das leis e da Polícia

É inquestionável a eficiência de nossa Polícia Federal, na elucidação de muitos crimes, mas é constrangedor verificar que nossas leis, ao permitirem medidas protelatórias, criam uma clara sensação de impunidade que a ninguém interessa, à exceção, é claro, dos beneficiários.
Infelizmente, as CPIs , em vista da própria estrutura política , têm pouca força moral e estão a exigir uma CPI das CPIs, algo impensável, em termos de moralidade pública.
Como a modernização do Poder Judiciário passa pela Câmara, uma nuvem de pessimismo varre qualquer esperança de se conseguir alguma coisa nesse sentido, pelo menos com este congresso que está aí!
Quem bem define as conseqüências danosas de legisladores pífios é Montesquieu e quando estes se põem a serviço de governos moralmente questionáveis, isto é um desastre, como vimos na invasão do Iraque e quase vimos em Foz do Iguaçu, apesar dos desmentidos do “Tio Sam”...
A herança deixada para Lula, já apelidada de maldita, é pesada demais, apesar de nenhum outro político ter melhores condições do que o atual Presidente, para desatar os nós que amarram o País a uma corrupção generalizada e de impunidade como jamais se viu na História da República!
Para isso, deve contar ele com uma Polícia Federal forte, altiva e atuante, pois na verdade, nossos políticos, de maneira geral, continuam sendo um caso de polícia!

Editorial

Apesar de tímidos protestos, o Banco do Brasil patrocinou um evento artístico em que um dos participantes arranjava um terço católico, dando-lhe a forma de pênis, num frontal desrespeito a um dos símbolos da fé cristã.
Longe de nós quere cercear a linguagem artística, mas quando uma entidade da dimensão do Banco do Brasil, se propõe a patrocinar uma amostra deste teor, não podemos deixar de temer conseqüências piores caso, por exemplo, ocorreria se nosso principal banco resolvesse patrocinar também, aqueles artistas que pintaram Maomé, com a cara de um terrorista!
Todos e lembram da onda de protestos que varreu a Europa e só foi contida com formal pedido de desculpas de vários governos, como o francês, berço do iluminismo e da liberdade de expressão.
Ignorar o fundamentalismo religioso é prova de estupidez e não podemos concordar que recursos públicos sejam desviados para agredir a nossa fé, da mesma forma que não aceitamos a interferência religiosa em assuntos de Governo, venha ela de onde vier.
Espetáculos como aquele , apresentados num canal aberto de TV, em que o pintor mostrava Nossa Senhora Aparecida em nu frontal, como sua obra-prima, não podem ser vistos como manifestações de liberdade de expressão e, sim, como uma afronta que deveria merecer, do público e da emissora, repúdio total.
-Ou será que estamos enganados?

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Mesmo sabendo que os amigos poderão encarar os comentários de hoje como fruto de imaginação fértil ou delirante, asseguro que gostaria que assim fosse...
A princípio, pretendo demonstrar que o crescimento das cidades como Muriaé, com prédios altos cercando residências menores, poder trazer desconforto para os moradores, obrigados a presenciar cenas que, se não fossem trágicas seriam de uma comicidade ímpar.
Sendo um assunto bem delicado, envolvendo pessoas notórias, conhecidas, faremos uso de eufemismos, evitando o reconhecimento dos personagens por parte dos leitores, pois, ao cronista, interessa o fato, em si.
Quando a cidade era ainda uma bucólica comunidade interiorana, onde o mais alto prédio não ultrapassava os dois andares, aquele senhor, hoje vovô, construiu confortável apartamento com amplas janelas, bem iluminado, na boa incidência dos raios solares.
Um hábito, porém, ele conservava trazido dos tempos de solteiro, o de andar nu, completamente nu, por todas as dependências, desde que não houvesse visitas, é claro.
E à esposa que censurava esse modo de viver, ele respondia que “ninguém estava vendo” e, mais ainda, que “naquela casa, quem mandava era ele”.
Bastava ele ficar sozinho para sacar toda a roupa e ficar desfilando pela casa, ou melhor, apartamento, sem nenhum escrúpulo nem pudor.
Isto não cessou nem quando, do outro lado da rua, nos fundos de sua residência, enormes prédios fossem construídos, com o passar dos anos.
Como os amigos devem ter percebido, aqueles desfiles traziam o passar dos “anus”, mas não foi isso que escrevi vocês são testemunhas!
Houve sim, muitas reações da vizinhança, entre as quais a de deixar fechadas as janelas por onde podiam todos ver o citado desfile, mas protestos mesmo, estamos certos de que não aconteceram.
As diaristas, estas sim, é que não podiam deixar de ver o espetáculo gratuito, pois tinham que limpar os vidros, após o quê, formava-se um zum zum zum interminável.
Lançamentos imobiliários mais recentes, acabaram por tirar toda a privacidade de nosso personagem, mas, como dissemos ele não se importava com os maldosos comentários a respeito do tamanho de sua barriga, produto de muita cerveja e da falta de cintos...
O pior estava para vir, quando a garotinha de um dos prédios vizinhos, na inocência dos seus três anos de idade, começou a falara com a mãe que tinha visto um vovozinho pelado e a mãe, a princípio, acreditando que o próprio pai estivesse com um processo de “isquemia cerebral transitória” em andamento, resolveu levar o velho a uma consulta médica em que, felizmente, nada foi constatado.
Uma outra hipótese foi de a garotinha estar criando uma fantasia, logo descartada quando a diarista chamou a patroa e confessou que ela também, já havia visto o “vozinho pelado”, mais de uma vez.
Com ar de espanto, a mãe mandou lacrar a janela de seu apartamento e proibiu a limpeza dos vidros daquele quarto, ao que a faxineira reagiu com frase definitiva:
-Ah! Também se fosse o Gianicchini – exclamou a moça, valia a pena, mas esse vovozinho barrigudo tem é que criar vergonha na cara!

quarta-feira, junho 21, 2006

Comentando

Metodologias à parte, o repórter cumpria a pauta do dia, perguntando aos pedestres a forma correta de se designar os aqui nascidos, em vista do falso dilema provocado pelas palavras “muriaense” e “muriaeense”.
A dúvida que, há muitas décadas, foi levantada por um intelectualóide de plantão, caiu no esquecimento e volta agora, com mais força, devido ao aperfeiçoamento dos meios de comunicação de massa.
Surpresa maior, no entanto, foi descobrir que pessoas, aparentemente cultas, têm o mesmo nível de desinformação que o povo em geral, ao se apegarem, de maneira peremptória, ao dicionário ou à gramática, para a elucidação do problema.
Quando João Guimarães Rosa lançou sua obra, tivesse ele ouvido dicionaristas ou gramáticos “fundamentalistas”, seguramente teria rasgado sua obra, jogando-a no lixo...
Uma análise crítica a respeito das palavras que designam os nascidos em Muriaé , mostra que o “muriaeense” soa como pedantismo, uma tentativa de ressuscitar uma grafia só existente nas leis gerais da derivação vocabular e que, histórica e cartorialmente, evoluiu para o consagrado “muriaeense”.
Em verdade, não há dicionário capaz de registrar as figuras de dicção nem as alterações semânticas que sofrem as palavras, no decorrer do tempo, já nos dizia Afrânio Coutinho, de doce lembrança.
Bem mais complexa do que uma simples entrevista é o estabelecimento da grafia e da pronúncia atual de uma palavra pois, para tal, devem ser ouvidos, além dos escritores, as pessoas do povo, através da linguagem de jornais, rádios, TVs, revistas, bem como os cronistas, letristas de composições musicais, comentaristas, os “focas”, os circenses, as donas de casa, e todos aqueles que tornam a língua um ser vivo.
Isto não foi feito quando, na primeira edição, décima quinta impressão, o “aurélio” registra o muriaeense , com dois es e, em pesquisa feita por Dra. Rosanne Pimentel Mannarino, uma das mais brilhantes inteligências desta cidade, ela nos assegura que houve sim, a partir da décima primeira edição do NOVO DICIONARIO DA LINGUA PORTUGUESA, de Aurélio Buarque de Holanda, a inclusão da forma MURIAENSE naquela obra, histórica e cartorialmente consagrada como uma evolução lingüística.
Como Dra. Rosanne, pesquisadores importantes como o museólogo João Carlos Vargas têm o direito de saber e poder registrar, corretamente, o adjetivo pátrio relativo á cidade natal e tal registro só pode ser “muriaense”, apesar dos gramáticos, eles também asseguram.
Há um fato também que mostra a relatividade do dicionário no registro vocabular, ali mesmo, na citada edição do “aurélio”, onde o autor, na página 928, coloca a cidade de Mirai no Estado de Goiás, para tristeza de Ataulfo Alves...
O fato de ter ou não corrigido o engano é irrelevante pois, como falamos , o dicionário e a gramática são um produto da linguagem escrita e falada e, não, o contrário.
Não podemos é aceitar o fato de continuarem a fazer, da língua, um instrumento de dominação a ponto de tentarem impedir, por exemplo que analfabetos possam ser candidatos a cargos eletivos, mas permitirem que ladrões e corruptos possam se candidatar.
A língua, como instrumento de cultura, não pode nem deve inibir a livre manifestação do espírito pois, como está escrito no Livro dos Livros, no Gênesis, ela foi o princípio de tudo!

Carmita Loures - LIções da infância

Uma das mais antigas lembranças do passado leva-me à primeira infância, em Mirai.
Morávamos numa casinha, bem próximo ao Rio Muriaé e esta vizinhança era motivo de constantes preocupações de minha mãe, assoberbada com os serviços domésticos e a criação de quatro filhos, todos menores.
Ao anoitecer, costumava ela nos reunir a todos para contar histórias, sem deixar de repetir aquela em que um cavaleiro, para ir á cidade, pela manhã, tinha atravessado um riacho mas que, ao voltar, pela tardinha, havia sido surpreendido por uma grande chuva e uma inundação imprevista.
Gostando de enfrentar desafios e confiando nas firmes patas de sua montaria, o homem resolveu atravessar a enchente, naquele mesmo ponto em que havia passado, pela manhã.
Revoltadas águas, no entanto, não permitiram a tranqüila travessia e levaram cavalo e cavaleiro na enxurrada, matando os dois...
No seu jeito macio de convencer pelas palavras, dona Carmita Loures, nossa mãe reforçava os argumentos e narrava muitas histórias de valentões, homens grandes e temidos que, no decorrer do tempo, haviam sido mortos por outros, tidos como fracos e covardes...
Desta forma, ela ia nos ensinando as lições da vida e, talvez por isso, tenha eu o costume de respeitar forças aparentemente inferiores às minhas, numa autodefesa plenamente conhecida por aqueles que tiveram a oportunidade de viver a deliciosa vida de uma pequena cidade do interior.
E é quase certo que fatos assim, fizeram de mim um pacifista, incapaz de entender a razão das guerras nem de aceitar que o direito da força suplante a força do direito...
Mais que pelas palavras, minha mãe procurava dar o exemplo de dignidade, de respeito humano e de preocupação, em relação à correta formação do caráter dos filhos, nos mais ínfimos detalhes.
Um deles – lembro-me muito bem -, era o cuidado com que, nas frias manhãs de inverno, ela acordava mais cedo, colocando brasa no ferro de passar roupa e, com ele, esquentava as blusas dos uniformes escolares, minha e de minhas irmãs, para que, ao vesti-las, não sentíssemos o desconforto do frio intenso.
Lembrar dessas coisas é, sem dúvidas, voltar ao passado com emoção, com saudades do tempo que não volta mais e de uma mulher, em tudo, especial!
Há, em mim, a certeza de que, se todos os homens tivessem ouvido, na primeira infância, a história do riacho e dos valentões que haviam sido mortos por pessoas aparentemente fracas e covardes, certamente haveria paz no mundo!
Estaríamos formados para a vida pois teríamos aprendido a respeitar as fraquezas aparentes ou momentâneas e não haveria lugar para atitudes belicosas, como as que vemos, no dia a dia de nossas vidas.
Reinaria a paz, nem que fosse motivada pelo instinto de autodefesa mas seria pedir muito, querer que todas as mães do mundo fossem iguais àquela que orientou meus primeiros passos, na “aurora de minha vida”...

terça-feira, junho 20, 2006

Comentando

Mais que irresponsável é a divulgação, através da mídia, de verdadeiras agressões aos mais elementares princípios de cidadania, feitas por falsos intelectuais, sugerindo medidas absurdas de repressão para acabar com o que eles chamam de “crime organizado”.
A análise desse tipo de manifestações nascidas em momento de intensa emoção mostra a tentativa de se jogar a culpa de todas as ocorrências ocorridas nas ruas de São Paulo, nos presos, sem se levar em conta de que são eles frutos do meio, muitas vezes, mais vítimas do que réus, enjaulados como feras, em celas diminutas, infectas, imundas.
Inútil, pois, toda de só atacar os efeitos, sem buscar soluções definitivas para as causas de um comportamento inadequado, violento e condenável dos membros e simpatizantes do PCC.
Sem qualquer escrúpulo, aquelas a quem chamamos de “profetas do passado” procuram dar conotação político-partidaria às ocorrências insinuando que, “se os governantes tivessem construído há 10 ou 12 anos mais escolas, não seria preciso, construir agora, tantos presídios...”
Qualquer pessoa, medianamente inteligente sabe que prédios escolares, tão somente, não resolvem o problema da educação, haja vista a escola peripatética, adotada por Aristóteles e que tantos frutos produziu!
Um simples exercício de memória há de nos falar de acontecimentos, alguns bem recentes, que podem estar construindo um imenso painel, inspirador e formador do inconsciente coletivo, em cujas raízes podemos encontrar as causas capazes de provocar atitudes extremamente belicosas, como as do PCC, na capital paulista;
Entre eles, está a absolvição dos parlamentares acusados de corrupção pelas CPIs, num país onde a injustiça social é gritante, onde a família se desestrutura a passos largos, em que aumenta o abismo que separa pobres de ricos, onde existe incomparável inversão de valores e tantos outros fatores mais, que produzem tantos descontentamentos!
Decifrar todo esse emaranhado é um penoso exercício de antropologia social e não será através de debates, onde todos dizem muito mas ninguém diz nada, que se chegará a uma solução final.
Esperar que os chamados crimes do colarinho branco sejam punidos por aqueles que legislam em causa própria, é acreditar em Papai Noel ou no coelhinho da Páscoa...
Mesmo que haja, entre os condenados pela justiça, um ou outro egresso das oligarquias, sabemos que medidas protelatórias vão adiando o cumprimento da pena, até que ela caia no esquecimento ou prescreva, de maneira inapelável.
Assim, estabelece-se a sensação da impunidade que, aliada a outros fatores culturais, como podemos inferir de frases como “bandido bom é bandido morto”, “estupra, mas não mata”, “temos que levar vantagem em tudo” e tantas outras formam o caldo de cultura para a eclosão da violência, com a morte covarde de policiais e de suspeitos, como vimos.
Infelizmente, todas as medidas repressoras tomadas agora pelo Congresso Nacional, jamais poderão resolver o problema, porque o condenado pode ser tudo, menos burro e sabe o que há por trás dessas medidas!
Sabe ele que “bandido é bandido” e “polícia é polícia” e que o marginal é fruto da desagregação social sendo que, quanto mais violenta for a sociedade, mais violento será o marginal e, desta verdade, não podemos nos livrar, mesmo que queiramos “tapar o sol com a peneira” esquecendo Vidigal, os mendigos da Sé e Eldorado dos Carajás!

quinta-feira, junho 15, 2006

TROVAS E CONTRATROVAS

"Mulher e lona de freio, só servem bem "ajustadas"...

Não tem "coluna do meio",
na "Loteca" das estradas:
-Mulher e lona de freio,
só servem bem "ajustadas"...


Nas curvas da minha estrada,
Capotei meu coração.
Lona de freio folgada,
Resultado: Foi paixão...

TROVAS E CONTRATROVAS

"Não sou defunto, mas adoro uma coroa..."

-Panela velha - eu pergunto,
faz ou não comida boa?
-Ainda não sou defunto,
mas adoro uma "coroa"...


Nessa panela gostosa,
Vou meter minha colher.
Pode vir moça fogosa,
Venha de onde vier...

TROVAS E CONTRATROVAS

"O amor é como fumaça, sufoca mas passa..."

Eu descobri, muito cedo,
que amor é como fumaça:
Sufoca e nos causa medo,
irrita um pouco, mas passa...

No meu peito o grande amor,
O resto da vida embaça
Mesmo que sofredor,
Vicia que nem cachaça...

TROVAS E CONTRATROVAS

"A morte é velha mas é sempre novidade..."


Esta verdade se espelha
numa tremenda verdade:
"A morte pode ser velha
mas é sempre novidade..."

Essa novidade, amigo,
Todos irão conhecer.
Mas com outro, não comigo.
Nem tão cedo quero ver...

TROVAS E CONTRATROVAS

"Por que me beijas no rosto, se a boca fica tão perto?"

Tu me dás grande desgosto
e disso estou muito certo:
-Por que me beijas no rosto,
se a boca fica tão perto?...


Minha amada bem que quero,
Beijar-te assim, por inteiro.
Mas tenho que ser sincero,
O que atrapalha é o mau cheiro...

TROVAS E CONTRATROVAS

"O amor nasce de um quase nada e morre de quase tudo..."

Mas que coisa complicada
é o tal do amor, não me iludo;
-Nasce do quase nada
e morre do quase tudo!


Mas minha amada; te digo,
Que jamais irá morrer.
Esse amor no qual prossigo,
Cada dia por viver.

TROVAS E CONTRATROVAS

"Teu beijo é doce como o de um beija flor"...

Esse teu beijo é tão doce
que me inspira um grande amor;
É leve como se fosse,
o beijo de um beija-flor!



Mas esse amor que me tinhas
Era bem pouco e acabou
Foi voando nas asinhas
Desse triste beija flor...

TROVAS E CONTRATROVAS

"Se vida de solteiro é vazia, a de casado enche..."

-Vida, vida! quem diria?
a vida é mesmo um buraco:
Se a de solteiro é vazia,
a de casado, enche o saco!


Dessa vida de casado,
Eu num posso reclamar.
O que eu acho que é errado;
É uma vez só se casar...

TROVAS E CONTRATROVAS

"Beijo de sogra é veneno de cobra..."

O beijo mais perigoso
é mesmo o beijo da sogra:
É muito mais venenoso
do que o veneno de cobra!



Da sogra e da jararaca,
Há diferenças, pois veja:
Esses dois bichos “ataca”;
A cobra, ao menos, rasteja...

TROVAS E CONTRATROVAS

"Se barba fosse sinal de respeito, bode não era chifrudo..."

Eu digo, sem preconceito,
pois eu também não me iludo;
-Se barba desse respeito,
bode não era chifrudo...


Nem tampouco camarão
Que é bem barbudo de fato
Termina num empadão
Ou croquete no meu prato.

TROVAS E CONTRATROVAS

"Mulher é como chita, uns acham feia e outras bonita"

-A mulher, amigo, creia,
parece mesmo co'a chita:
Se uns dizem que é muito feia,
outros dizem que é bonita...

Nesse caso o que se anseia
Poder ser mais racional
Mas desculpe mulher feia;
Beleza é fundamental.

domingo, junho 11, 2006

EDITORIAL SOBRE DOM LUCIANO

Acontecimento importante a que a imprensa deu pouca divulgação foi, sem dúvida, a intervenção de Dom Luciano, da CNBB, na reunião anual dos Bispos, diante de muitas críticas que as ações sociais do governo vêm sofrendo, por parte da entidade.
Dom Luciano, depois de avaliar o “mea culpa” feito por muitos dos seus pares, recomendou que houvesse cobrança sim, mas que fossem reconhecidos os grandes avanços do governo Lula na parte social e que os programas de governo fossem analisados com mais tolerância, inclusive os de inclusão social.
Sem perder o tom moderado, Dom Luciano encerrou sua intervenção com a frase bíblica “quem não tiver culpa que atire a primeira pedra’”!
E, semelhante com o ocorrido na parábola, nenhuma outra voz se levantou pois todos os bispos sabem quais os motivos de a Igreja Católica estar perdendo, a cada dia mais fiéis.
Seria muito bom também, se a CNBB entendesse com clareza o significado do “daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” e, se precisar ela de uma ajuda na interpretação do texto, poderia recorrer a Leonardo Boff ou a Frei Cláudio Van Ballen.
Mas, como estes dois religiosos, muito humildes jamais seriam aceitos como “príncipes”, é bom que surja uma luz, como a de Dom Luciano, para iluminar o caminho dos cegos de espírito!

EDITORIAL DA GREVE DE FOME

EDITORIAL
Depois de declara que havia sido um “verdadeiro milagre” o aparecimento de novas denúncias contra Lula, o famélico Garotinho ameaçou pedir a exumação da própria candidatura À Presidência da República, sob as vistas de uma claque formada, segundo a imprensa, por funcionários públicos estaduais, liberados pela Governadora Rosinha, em pleno horário do expediente, para fazer a manifestação.
Mas Silvio Pereira, de quem teria partido as novas acusações, acabou por fazer, mesmo sob a pressão da CPI dos Bingos, uma verdadeira declaração de amor a Lula, a quem considera um homem honesto, acima de qualquer suspeita.
Não restava ao birrento Garotinho, alternativa: internou-se num hospital do Rio para readquirir forçar, exaurida pela greve de fome.
Com a reidratação e a ingestão de nutrientes via endovenosa, a greve, tecnicamente, se encerrou e, algumas horas depois de negar o encerramento da mesma, Garotinho admitiu que ela estava encerrada!
Se ele insistisse em se dizer “em greve de fome”, dentro de um hospital, tomando soro, era bem capaz de bater o recorde mundial a ser considerado no Livro dos Recordes!
O lado positivo da greve foi que, pelo menos , sobrou um pouco mais de alimentos para serem doados para o FOME ZERO, de Lula!
-“Mas que raiva! Até nisto esse pau-de-arara dá sorte... ”- teria exclamado o Garotinho...

SOBRE ATAULPHO E UM DE SEUS ÚLTIMOS DESEJOS

Merece destaque, em meu comentário de hoje, a amizade que, por longo tempo, tivemos com Ataulpho Alves, um dos mais festejados compositores da MPB, conhecido como Mestre Ataulpho no meio musical brasileiro.
O último contato que com ele tivemos, deu – se aqui em Muriaé, num barzinho da Rua do Rosário depois da visita que ele havia feito ao também miraiense Flavio Siqueira e, deste encontro, participou o jovem fanando Cruz, um dos mais brilhantes alunos que tivemos.
Reservado e até tímido, fora dos palcos, Mestre Ataulpho mostrava-se muito preocupado com a operação de úlcera gástrica que iria fazer, num dos mais bem aparelhados hospitais do Rio de Janeiro.
A cirurgia estava marcada para a semana do carnaval e este parece ser um dos motivos da apreensão e Ataulpho, a ponto de ter deixado gravado, com Flavio Siqueira, um depoimento em que se despedia dos amigos.
Segundo ele, “caso o pior acontecesse”, ele queria ser enterrado em Miraí, mas, caso amigos e familiares não deixassem, ele pedia que, mais tarde, seus ossos fossem levados para a sua terra natal.
E Ataulpho, antes de se despedir de mim, teve oportunidade de cantar para Fernando Cruz, a pedido do mesmo, o “Meus tempos de criança”.
Muito pouco tempo depois, a triste notícia de seu falecimento deixou de luto a MPB e, principalmente, o “pequenino Mirai”, por ele cantado em prosa e verso, em suas canções.
Marcando fortemente o nefasto acontecimento, o grande David Nasser, jornalista e compositor, colunista de “O Cruzeiro”, pediu à família que “não culpasse os médicos”, pois, segundo ele, a morte de Ataulpho havia sido fatalidade, pois, “maktub” – estava escrito =, como dizem os árabes.
Inevitável, porém, foi buscar as razões da Morte do Mestre e descobrir que o amigo Ataulpho havia falecido, num dos mais bem aparelhados hospitais do Rio, por falta de acompanhamento pós – operatório.
Na despedida que ele nos deixou, naquele encontro da Rua do Rosário, Mestre Ataulpho falava da certeza de que “desta” ele não sairia, mas aquela preocupação não justifica o ocorrido nem nos consola.
Há, sem dúvida, “mais coisas entre o Céu e a Terra, do que imagina nossa vã filosofia”, mas isso também não nos serve de consolo.
As coisas se sucederam da forma preconizada pelo amigo Ataulpho, com o enterro no Rio de Janeiro, mas estamos certos de que o “Mestre” só terá descanso eterno quando seus ossos forem repousar em Mirai, como era de seu desejo.
Aliás, soubemos que esforços nesse sentido foram feitos por João Bilheiro, mas obstáculos maiores impossibilitaram o translado que, seguramente iria dar um final feliz a esta história de amor.
“Lá, de onde estiver Ataulpho tenha matado as saudades de ‘Maria e de Aurora” ou se reencontrado com “Mariazinha” e com aquela “professorinha” por ele imortalizadas em suas canções.
Mas, para que Mirai se reencontre com sua história, é importante que ele volte a morar nos “verdes campos de sua terra natal!”
Apenas assim também é que nós, miraienses ou não, poderemos estar em paz com nossas consciências...

DA TAXA DE JUROS


Quando o COPOM – Comitê de política monetária, se reúne, cresce a expectativa da alteração da taxa de juros.
Um dos motivos desse fato é a permanência do Brasil em primeiro lugar, no que tange aos juros que paga aos investidores internacionais.
Insistindo na afirmação de que isto se deve à política de controle da inflação, o Banco Central tem enfrentado muitos opositores!
“_Se assim fosse, países sem inflação deveriam ter altíssimas taxas de juros”, argumentam os críticos da política monetária.
E citam, como exemplo, a Argentina, onde os juros são baixos e a inflação há muito está sob controle.
Resta saber se, com juros baixos, o volátil capital especulativo iria continuar no Brasil – respondem os defensores das taxas atuais.
As simples especulações sobre o aumento de juros, nos Estados Unidos, agitam o mercado que teme uma fuga de investidores no País.
A argumentação do nosso Vice-Presidente da República é acompanhada por um coro interminável de empresários em todo o País.
Refletindo tais argumentos, outros ministros do próprio governo não e acanham em apoiar o Vice, no que chamam de “fogo amigo”...
Irritadas com as criticas, outras autoridades dentre as quais o próprio Presidente Lula saem em defesa do COPOM e nada se altera.
Com argumentos contraditórios, chega-se à conclusão de que, “na prática, a teoria é outra”, pois, enfrentando queda de ministros e denúncias de corrupção, a economia se mostra inabalável!
Insistindo em dar como exemplo os juros praticados, internamente, pelos bancos, o Presidente joga sobre o consumidor “que não troca de Banco, que não pechincha”, as causas de juros bancários elevados.
A solução que Lula apresenta, é bom que se diga, soa como “trocar o seis por meia dúzia”, pois não há como pechinchar em tais casos.
Recordamos também que, historicamente são sempre os Bancos que escolhem os clientes e, não, o contrário, como sugere o Presidente.
Ter conta em Banco é, ainda, uma questão de status, num País de tantos miseráveis e uma conta aberta não fica de graça!
E é bom que se diga que há muito pouca diferença entre taxas ou custos bancários e não será uma simples troca que dará ao cliente vantagens substanciais, fazendo as taxas caírem no atacado.
Uma visão mais clara do mercado financeiro parece difícil, com tanta gente dando opiniões descabidas, tanto interna quanto externamente.
- Como poderíamos entender, pois esse emaranhado;
O governo precisa sim, aumentar os juros, porque GASTA MAIS DO QUE DEVIA, perdendo o controle sobre a taxa de juros, tanto interna quanto externa, aquela estabelecida pelo COPOM.
Realmente, é muito mais fácil jogar sobre os ombros do consumidor a culpa pelos altos juros cobrados pelos Bancos...
Parece complicado, mas tudo funciona como se o País fosse uma família que, se souber controlar seus gastos, não terá problemas de juros.
O resto, é conversa para “inglês ver” ou “para boi dormir”...

MUSICLIP - À DISTÂNCIA

MUSICLIP – “À Distância” – Roberto Carlos.
MÚSICA DE FUNDO: A critério.
Uma fantasia de Marcos Coutinho Loures
- “Nunca mais me procure! Nunca mais!”...
Foram estas as suas palavras de despedida, quando nos separamos...
Ao me lembrar delas, penso em mim, nas coisas que tive e que perdi e... Não consigo mais me encontrar!
Mas todas as coisas que você me pediu, eu as fiz, afastando – me definitivamente de seus caminhos!
Nem um só telefonema, nenhuma carta, nenhum buquê de flores, no dia de seu aniversário...
Ah! Faz tanto tempo! Tanto tempo...
Tentei abafar minhas lembranças, cobrindo – me com o manto do esquecimento mas foi em vão! A saudade foi mais forte e não consegui!
No desespero que sua ausência me provocava, o silêncio do telefone quebrava as débeis energias de minh’alma desolada e triste, fazendo com que eu morresse, um pouco mais, a cada dia...
Quantas vezes tentei romper a parede que nos separava, mas aquele eu “NUNCA MAIS” tornava o meu silêncio mais forte ainda e não consegui discar o número do seu telefone.
Tudo fiz para esquecer você... Mas não consegui!
Se, um dia, você ainda se lembrar de mim, eu quero que saiba que EU NUNCA A ESQUECI!
Contudo, como me foi pedido, nunca mais eu procurei você!
Nunca mais...
NOTA: Levada ao ar, na TUPI – AM, Rio, em janeiro de 1990.

MUSICLIP O AMOR E O PODER

MUSICLIP
MÚSICA-TEMA: “O Amor e o Poder”, com Rosana.
MÚSICA DE FUNDO: A Critério
Uma fantasia de Marcos Coutinho Loures
“A calma de um tranqüilo lago azul, perdido entre as montanhas”...
Era assim a minha vida, antes de te conhecer!
Bem de mansinho, o perfume da tua presença foi me envolvendo, fazendo-me escravo de um só desejo: o desejo de te amar...
A magia de tua sedução passou a dirigir meus pensamentos e, em minhas fantasias, reencontrei o ritmo da vida, em cada canção de amor!
Teu corpo esguio, misteriosamente envolvido em nuvens de sonho, bailava nas paredes frias do quarto, despertando pensamentos febris, inspirados nos mais íntimos momentos de prazer, de entrega total!
Como DEUSA e RAINHA de meus desejos, a tua voz, suave como a brisa, conduzia – me aos jardins dos deslumbramentos, onde eu poderia sentir o teu perfume, em cada flor que abria ao toque mágico de tuas mãos...
Sobre o tapete formado pela relva macia de minhas ilusões, trocávamos sonhos de amor, tendo como testemunha, a luz do luar, invadindo a janela do nosso apartamento.
Foi assim que descobri a paz, a verdadeira paz, nascida das ondas turbulentas de um mar bravio e, não, das águas tranqüilas de um lago azul, perdido entre as montanhas...
Ondas que brotam da força do amor e que habita as profundezas abissais e desconhecidas de nosso mundo interior...
NOTA: levada ao ar, na TUPI – AM Rio, em 16/11/89.

sábado, junho 10, 2006

MUSICLIP - NAQUELA MESA

MUSICLIP
MÚSICA TEMA –“Naquela mesa” – Sergio Bittencourt
MÚSICA DE FUNDO: A critério
UMA FANTASIA DE MARCOS COUTINHO LOURES
-Meu pai, eu bem que gostaria de sentir saudades suas, mas não consigo... Sabe por que?
-Porque sinto sua presença em todos os momentos, numa vibração mágica, repleta de luminosidade e ternura.
Ao meu olhar no espelho, vejo o SEU sorriso no MEU sorriso, os seus cabelos brancos nos meus e posso descobrir, no MEU olhar, aqueles lampejos de meiguice e de bondade que havia no SEU olhar...
-Meu Pai, tudo isto parece ser mais uma daquelas brincadeiras que VOCÊ fazia, nos doces tempos que não voltam mais... Sim, você anda brincado de “esconde-esconde”, comigo...Contudo, não é muito difícil adivinhar onde você se escondeu, depois de sua partida:
Sim, meu Pai, você se escondeu EM MIM, fazendo-me tomar as suas feições, à medida que o tempo passa. É por isso que, ao me olhar no espelho, encontro o seu sorriso no meu sorriso; os seus cabelos brancos nos meus e aquele seu meigo olhar, repleto de doçura e de bondade, no meu olhar sofrido...
As pessoas incapazes e ver, de ouvir e de sentir, dizem que tudo isto é bobagem, que você se foi para sempre, deixando, como recordação, apenas aquela cadeira vazia, ali, na sala de jantar.
Elas falam de você, meu Pai, como se a sua ausência fosse um fato definitivo e consumado! E quando as ouço falar, sinto você sorrir no meu sorriso, pois elas ignoram que você continua presente, em tudo aquilo que, nesta vida, amou com tanta intensidade...
É nessas ocasiões que passo a compreender melhora as suas palavras, cheias de sabedoria, a respeito da vida e da morte...
Mas, apesar de tudo, apesar desta minha certeza, há momentos em que meu egoísmo não se contenta com esta etérea presença!
E fico a pensar, como seria bom, meu Pai, e eu ainda pudesse sentir o calor de suas mãos, ouvir seus passos e tocar, de leve, o seu rosto e chorar... Chorar muito, em seus ombros!
É nesta hora que tomo consciência de minhas limitações e sinto o quanto preciso ainda crescer, para ser igual a você! É nesta hora que sinto o quanto você me faz falta, meu querido Pai!

MUSICLIP - OUTRA VEZ

MUSICLIP
MÚSICA TEMA – “Outra Vez” de Isolda.
MÚSICA DE FUNDO - A critério.
UMA FANTASIA DE MARCOS COUTINHO LOURES.
Hoje estive relendo as cartas escritas por você.
Uma a uma, foram elas recompondo o painel de sonhos da mais bela história de amor que me aconteceu, no alvorecer da minha vida...
As palavras ali escritas adquiriam formas suaves e, numa doce fantasia, bailavam no céu imaginário de minhas lembranças, trazendo-me, nem nítidas, as feições de seu rosto, delicada moldura de um sorriso pleno de felicidade..
Pude ver, em cada carta, as marcas indeléveis de seus lábios, impressas pelo batom, exalando ainda, o perfume da saudade de um tempo que se foi levando você de mim!
Por várias vezes, beijei aquelas marcas e me senti ao seu lado, como se ainda estivéssemos juntos, vivendo momentos de enlevo e de extrema ternura...
Enquanto a música da vida contemplava os derradeiros acordes de nossa canção de amor, as palavras de suas cartas iam me dizendo, num bailado com o suave perfume dos sonhos e da fantasia, tudo aquilo que, para mim, você ainda representa!
Tudo aquilo que você é... Tudo aquilo que você foi!
Nota: levado ao ar na TUPI-AM, Rio, em dezembro de 1989.

MUSICLIP - ORAÇÃO DE UM JOVEM TRISTE


MUSICLIP
Música Tema – “Oração de um jovem triste”
Música de fundo – a critério
UMA FANTASIA DE MARCOS COUTINHO LOURES

Um dia, eu me senti perdido, no deserto de minhas desilusões.
Impiedoso vento varria das dunas e lançava a areia quente sobre meu rosto ressequido, consumindo as últimas energias de minh’alma.
Um imenso deserto, onde as paisagens se repetiam, indiferentemente...
De um lado, as folhas ressequidas dos meus sonhos de primavera, espalhavam-se ao toque do vento e se perdiam no horizonte;
De outro lado, miragens enganosas de belos perfis adquiriam formas concretas e pareciam bailar, à medida que se afastavam de minhas mãos súplices...
Na imensidão do céu, nuvens de areia, restos perdidos de antigas ilusões, que o tempo havia reduzido a pó, compunham a paisagem...
E ali estava eu, caminheiro perdido, diante de um altar de ruínas, construído por mim, ao longo de minha existência...
Ao cortar, com as mãos feridas, o último pedaço de pão que me restou, encontrei nele, um grão de mostarda, a mais pequenina de todas as sementes, e me lembrei de Ti!
Levantei meus olhos para a linha do horizonte e senti que estavas vindo em minha direção.
Estavas vestido como um simples andarilho e, não, como um imperador, coberto de ouro e pedras preciosas, como os homens costumam Te mostras nos Templos, onde a riqueza tripudia sobre a miséria e a fome!
Foi assim, perdido no meio de um deserto sem fim, formado pelas ruínas de meus sonhos, onde o vento impiedoso varria as dunas a lançava a areia sobre meu rosto ressequido, consumindo as últimas energias de minh’alma, QUE EU TE ENCONTREI!
Nota; levado ao ar, na TUPI-AM, Rio, em 12/09/89.

sexta-feira, junho 09, 2006

A ÁRVORE DE NATAL DE CRISTO

Apresentamos hoje, uma compilação que fizemos de um belo conto de Dostoiewsky, intitulado “A árvore de Natal de Cristo”. Vamos a ele:
“Era véspera de Natal e uma criança de seis anos de idade acabara de acordar, naquele porão imundo de uma cidade imensa, onde o frio era tão intenso quanto a fome que sentia...
A mãe parecia dormir e a criança tocou-lhe o rosto gelado, duro como uma rocha, antes de sair para a rua. Ali na calçada, ficou surpreso com a quantidade de gente, de carros que passavam, de neve e de frio!
Um guarda passou por ele e o menino pôs-se a caminhar, até encontrar uma vidraça por onde viu uma árvore de Natal, cercada de crianças brincando, ao lado de uma mesa repleta de brinquedos, enfeites e doces.
O garotinho sorriu mas ao se lembrar da dor que sentia nos dedos da mão, começa a chorar e a correr. Mais à frente, avista novas vidraças através das quais vê outras árvores de Natal, com crianças em volta.
Belas e ricas senhoras abrem as portas de suas casas para que entrem os convidados para a ceia.
Lentamente, o menino se aproxima de uma das casas e entra também .
Mas, ao vê-lo ali, homens e mulheres começam a expulsá-lo para a rua.
Uma gorda senhora tenta oferecer-lhe uma moeda, mas o dinheiro rola pela escada pois os dedinhos endurecidos não conseguem segurá-la...
Ele volta a correr pela noite, até encontrar, diante de uma porta imensa, um grupo de pessoas que se divertem, vendo três enormes bonecos, vestidos de vermelho, com longas barbas, que pareciam vivos! Os bonecos riam, jogavam beijinhos e eram tão engraçados que fizeram o menino sorrir...
De repente, do meio da multidão, sai um garoto maior que puxa a criança pelos cabelos, dá-lhe socos e pontapés e a joga no chão! Sem nada entender, o menino corre, entra num porão escuro e vai se esconder atrás de um monte de lenha, tremendo de medo ... e de frio!
Daí a pouco, foi ele invadido por uma sensação de bem estar! Seus pezinhos e suas mãos não doíam mais e ele começou a sentir calor, muito calor, como se tivessem acendido o fogão de lenha. E foi assim que dormiu!
Foi despertado pela voz da mãe que lhe cantava uma cantiga de ninar e, logo a seguir, por alguém que lhe disse, com extrema doçura:
-“Vem comigo! Vamos ver a Árvore de Natal!”
Quem o estaria chamando , com tanta doçura?
Sem nada enxergar, o menino abriu os bracinhos e alguém o pegou no colo. Ao mesmo tempo, tudo em volta ficou luminoso, resplandecente! E assim, ele viu muitas árvores de Natal e, em volta delas, muitos bonecos.
Bonecos não! Eram crianças luminosas, meninos e meninas que o abraçavam, beijavam seu rostinho e que o levavam, voando, de um lado para o outro!
Mais além, ele vê sua mãe, que lhe sorri.
_ “Mamãe, mamãe! Como é bom estar aqui!”–exclama o garotinho.
E ele abraça seus novos companheiros, conta-lhes a história dos bonecos vermelhos de longas barbas e, finalmente, pergunta onde está.
-“Não sabes? – respondem os novos companheiros – “Esta é a Arvore de Natal de Cristo”. Todos os anos, há uma áravore que Jesus dá às criancinhas que não tiveram Natal, lá na Terra...”
E, lá na Terra, na manhã seguinte, os lixeiros encontraram o corpo congelado de um menino, num pátio vazio, perto de um monte de lenha.
Procuraram por sua mãe e descobriram que ele também havida morrido, um pouco antes dele.
-Com certeza, os dois foram se encontrar lá no Céu – todos disseram, com indizível ternura...

SOBRE JOSÉ DE PAIVA LOURES, DOS PERFUMES DA ALMA

Uma das lembranças que tenho de meu pai é do apego que ele tinha pelas flores. Os espaços mais nobres do imenso quintal de nossa casa eram ocupados pelas mais diferentes espécies de roas, dálias, lírios, zínias, palmas, copos-de-leite, margaridas e outras, compondo um imenso jardim.
Todos os sábados, pela manhã, lá estava em nossa casa o sacristão da Igreja Matriz, recolhendo braçadas de flores para enfeitar o Altar do Senhor.
Naquele sábado em que meu pai desceu ao túmulo, o longo dia foi uma interminável sucessão de lamentos, até que a noite chuvosa se abateu sobre nossa dor e nosso cansaço...
Inúmeros parentes, vindos de muito longe, buscavam melhor acomodação, espalhados pelos quartos, salas e corredores de nossa casa.
Já era madrugada quando uma das minhas irmãs se levantou, queixando-se de forte dor de cabeça, provocada pelo perfume dos lírios que atravessava as venezianas e invadia o ambiente.
Uma a uma, as pessoas foram acordando e pudemos sentir, em plenitude, aquele perfume e, para aumentar a ventilação interna, apesar da chuva, abrimos as janelas. Tal fato mereceu de minha mãe, um comentário:
-“Que bom! Assim, quando amanhecer, poderemos levar muitas flores para ele!”
Assim, com as janelas entreabertas e suportando os respingos da chuva intermitente, voltamos a dormir.
Mal a claridade de um novo dia ia surgindo, minha mãe já estava na cozinha, preparando o café e, ao se lembrar do ocorrido pela madrugada, ela abriu a porta do quintal e foi procurar os lírios que deveriam estar enfeitando os canteiros.
Instantes depois, ela voltou e pediu que fôssemos também procurar as flores no quintal, ainda molhado pela chuva da madrugada.
Qual não foi nossa surpresa quando, ao vasculhar cada canto do imenso quintal, não encontramos uma flor sequer! Todas, absolutamente todas, haviam sido colhidas pelo fiel sacristão, no dia anterior...
Sem dúvida, para se despedir, meu pai havia deixado entre nós, o suave perfume de sua boníssima alma...

Comentando - da relação BANCO E CLIENTES

Selecionamos, para tema de hoje, um acontecimento que, de maneira indelével, ficou gravado em nossa memória.
As minhas lembranças transportam-nos aos primeiros anos da década de 60, quando nosso nome foi escolhido, pelo Governador de Minas, Jose de Magalhães Pinto, para dirigir a E.E. Prof. Orlando de Lima Faria.
Baseada em critérios técnicos, aquela nomeação deu-nos a oportunidade de executar um trabalho que rendeu bons frutos, por longo tempo.
Embora com a qualificação profissional exigida para a função, a mudança de governo trouxe-nos entraves burocráticos, na formalização da posse, fato que bloqueou, por meses, o nosso salário.
Sem termos a quem recorrer, tudo piorou, com o agravamento do estado de saúde de minha esposa, que teve que buscar tratamento médico em Belo Horizonte, com Dr. Jose Luiz de Vasconcelos, grande angiologista.
Os recursos financeiros exauridos, com mais de um ano de atraso de pagamento de salários, tudo isso não impediu que continuássemos a trabalhar, com o apoio de mestres e funcionários abnegados, em sua maioria.
Quase no limite do desespero, com um pedido informal de despejo por não estar pagando os alugueis, recebemos a notícia de que a esposa deveria ser operada e, sem qualquer assistência previdenciária, conseguimos negociar as despesas da operação que ficaram para serem pagas, assim que o Governo de Minas nos pagasse os salários atrasados.
Um acontecimento inesperado iria mudar o rum das coisas e passo a relatá-lo aqui.
Ali, na Praça João Pinheiro, ao lado de outras, havia as agências do Banco Nacional (hoje, Unibanco) e do Crédito Real, nas quais pelos motivos expostos, mantínhamos uma conta corrente, quase desativada.
Na Gerência do Banco Nacional, um homem extraordinário, Jose Amaral de Faria e, na do Crédito Real, outro de igual valor, Jose Gama do Valle.
Tinham eles sabido dos meus problemas e, certo dia, convidaram-me para conversar a respeito das minhas reais necessidades financeiras.
Ouviram com atenção o meu relato e, após uma breve conferencia, apresentaram-me, para assinatura, duas promissórias, uma de cada agência, cujo valor somado superava o de minhas necessidades, após o quê trocaram avais e deixaram à minha disposição, para saque imediato, aquele valor.
É indispensável dizer que, paralelamente, comprometeram-se a buscar, através de amigos, em Belo Horizonte, a solução do problema de atraso dos meus pagamentos.
Saindo daquela reunião, fomos para Belo Horizonte e, após bem sucedida operação de minha esposa, conseguimos pagar todas as despesas hospitalares e médicas, graças ao empréstimo que havíamos tomado.
Buscando também, ao regressarmos a Muriaé, um novo aparamento para alugar, depois de pagar os alugueis atrasados.
Em pouco mais de uma semana após estes fatos, o amigo Sergio Cambraia trazia, em mãos, finalmente, a Ordem de Pagamento, autorizando o crédito, em minha conta de todos os valores atrasados, por mais de um ano!
Lembranças com estas, realmente, não podem se apagar nunca de nossa memória e falam de um tipo de relacionamento Banco x Cliente, que o tempo se encarregou de mudar, infelizmente.
Ao recordá-las, não podemos deixar de entender que Jose Amaral de Faria e Jose Gama do Valle, ao procederem como o bom samaritano, escreveram uma das mais belas páginas a inesgotável história de Muriaé...

Do Caixa 2 e do Mensalão

De tudo aquilo que podemos observar da crise política brasileira, a conclusão a que chegamos é que, dela não foram extraídas as lições capazes de evitar sua repetição, em futuro próximo.
Estamos certos de que as raízes da mesma estão na impunidade, fator endógeno que a tornou possível.
Se a impunidade não for combatida, todas as medidas agora tomadas serão paliativas, não atingindo o âmago da questão.
Podemos citar, como medida necessária, a reforma urgente dos tribunais superiores, tornado-os verdadeiramente independentes para julgar quem quer que seja com rapidez e severidade.
Em relação às leis eleitorais, muitas existem que são verdadeiros entulhos, a partir da escolha dos candidatos, pois, ao que vemos alguns dos escolhidos não têm a menor condição moral par o exercício de qualquer função pública, com passado nebuloso e comprometedor.
Recordando o ocorrido nas últimas eleições, lembramos da campanha que se fez contra os candidatos analfabetos, deixando de lado aqueles que possuíam extensa ficha policial, colmo se o analfabetismo fosse mais comprometedor do que a desonestidade, no exercício de um cargo público!
Tão divulgado recentemente, o caixa 2, passou a vilão da crise política, mas ninguém garante que ele vai sumir de cena, pois é uma prática arraigada na sociedade brasileira, em todos os quadrantes.
A bem da verdade, o tal de “mensalão” nada mais é do que uma variante da utilização do caixa 2, montado através do “valerioduto”.
Se a compra de votos não foi devidamente comprovada, a tese mais provável é que Jefferson, ao se utilizar da metralhadora giratória, agiu em defesa própria, mas jogou por terra, em vala comum, todos os parlamentares, mesmo aqueles que não se beneficiaram do caixa 2 do PT.
Mesmo para os adversários de Lula ficou difícil aceitar a lógica de que o Governo armou um esquema para pagar a fidelidade de aliados, quando o mais lógico seria se tivesse ele buscado “comprar” aqueles não alinhados, como geralmente faz com as famosas “emendas parlamentares”.
Estranho verificar que muitos acreditaram nas teses de Jefferson, pois elas ferem os mais elementares princípios da lógica.
Um “mensalão” para amigos e aliados seria, no mínimo, um grande desperdício de tempo e de valores.
Duvidar das denúncias dos desesperados é dever republicano e, mais que isto, na política, “é preciso duvidar sempre do obvio”.
Embora não fossem denúncias tão obvias, mereceram destaque, com ataques sistemáticos à honra de homens de bem que existem em todos os partidos políticos, sem exceção.
Somente o esvaziamento das CPIs foi capaz de sinalizar pela inconsistência do esquema do “mensalão” montado por Jefferson.
Ele quase se tornou herói nacional, mas acaba como o grande vilão de uma história que armou com “engenho e arte”...
Juntando as peças que restaram da grande tragédia nacional, pouco sobrou uma vez que o “valerioduto” explodiu no colo de muitos homens públicos acima de qualquer suspeita, arrasando o PT e somos favoráveis a punições exemplares, pela utilização do caixa 2.
O mensalão vai entrar para a história como o produto de uma mente fértil de um político desesperado que, por muito pouco, quase jogou na lama a esperança de dias melhores para nosso povo, representada pela eleição de Lula, contra quem muitas vozes se levantaram, mas que se manteve distante das provas comprometedoras que muitos dos seus inimigos julgaram possuir, mas não conseguiram mostrar à nação.

quinta-feira, junho 08, 2006

Da Tolerância Zero e da Intolerância

Se um fator existe que tem contribuído para acelerar a desintegração social, sem dúvida é a TOLERÂNCIA EXCESSIVA de nossa gente.
Impossível crer que um País tenha, como o nosso, um Congresso onde boa parte de seus membros esteja na mira da Justiça, por ter praticado uma variada gama de crimes, ao longo dos anos!
Mais inacreditável ainda é saber que, através de instrumentos legais, esses delinqüentes vão se reelegendo, indefinidamente impunes.
Pode parecer cômico, mas é trágico verificar que nada garante que isso possa mudar, um dia, por iniciativa dos parlamentares!
Lembramos que, recentemente, um deputado federal acusado até de crime de morte, para não ser cassado por ter recebido o “mensalão”, buscou refúgio na renúncia de seu cargo, como fez Severino Cavalcante.
E com o provável slogan. “Vote no Bispo Rodrigues, um homem a Serviço de Deus”, estejam certos de que ele voltará!
Se, no campo político é assim, imaginem o que se dá no âmbito das religiões, onde os atores envolvidos são mais profissionais...
Mercadores das palavras de Cristo ocupam espaço cada vez maior nos meios de comunicação de massa, anunciando "milagres e quejandos”, sem que as autoridades os intimem a provar a veracidade de seus feitos.
E esse “deixa pra lá” faz com que esses pilantras fiquem, a cada dia mais ricos e poderosos com a venda da “Água da Terra Santa” e de “Sabonetes com essência de arruda” para espantar mau olhado, no “descarrego”.
Num canal de TV, um padre anuncia a cura de vários tipos de câncer, enquanto que em outro, bem ao lado, pastores expulsam demônios, num espetáculo ridículo que não resiste á mais superficial análise psicológica.
Todas essas agressões à nossa inteligência são feitas graças à omissão de nossas autoridades que deveriam coibi-las em nome da verdade.
Em outros campos há semelhante insensatez, como pudemos ver, no caso da prisão de dois policiais de BH que, numa viatura, foram pedir a um morador para abaixar o som de uma festa que ele realizava, em sua residência, até altas horas da madrugada.
De dentro da casa saiu um tenente da PM que deu voz de prisão aos soldados e continuou com o som lá nas alturas, do mesmo jeito que acontece entre nós onde até escolas tradicionais, ultrapassando os limites sonoros e da boa educação, infernizam a vida de vizinhos, com suas festas que não respeitam a lei do silêncio nem da convivência urbana.
Infelizmente, a tolerância de muitos é um incentivo à arrogância de alguns que ainda não aprenderam a viver em comunidade.
Vemos também como a tolerância excessiva está presente num transito que MATA mais de CEM PESSOAS, por dia!
Isto se vê na circulação de veículos que só servem para o ferro velho e que uma VISTORIA OBRIGATÓRIA não tirou de nossas estradas.
Não há como negar, também, as estatísticas que comprovam que SETENTA POR CENTO de nossos estudantes, de 13 a 15 anos de idade, já consumiram algum tipo de droga, como o álcool, sob os olhares omissos de todos nós.
A chamada TOLERÂNCIA ZERO, em assuntos de tal magnitude, seria capaz de eliminar, de pronto, a participação de muitos aproveitadores que se infiltram no meio político, nas religiões e nos principais setores do serviço público, promovendo uma limpeza geral, urgente e necessária para garantira ao cidadão brasileiro, uma qualidade de vida bem melhor do que esta que aí está e que tanto nos constrange e envergonha!

Sobre a educação formal e as experiências acumuladas no interior de Minas na década de 60

Importantes medidas estão sendo tomadas na chamada “educação formal”, isto é, naquela de responsabilidade das escolas.
Numa época recente, pensava-se que a melhor forma de aprender seria através da memorização daquilo que fosse objeto de estudo.
Sendo assim, éramos obrigados a “decorar” coisas absurdas, como tabelas, teoremas e até textos completos, de autores nacionais ou estrangeiros.
Para o “take by heart” era imprescindível a utilização de processos mnemônicos que nos ajudavam a repetir, como “papagaios”, longos textos, palavra por palavra, vírgula por vírgula.
Incrivelmente, os alunos de melhores notas eram aqueles que possuíam boa memória, mesmo que nada tivessem entendido da lição dada.
Recordamos algumas atitudes que tomamos quando assumimos a direção de uma escola, procurando romper com essa visão distorcida de educação, introduzimos o jogo de xadrez no universo escolar e incentivamos o teatro estudantil, começando pelo “Júri Simulado!”, onde temas cruciais eram debatidos, na Associação de Pais e Mestres da escola.
A distribuição de tabuleiros de xadrez pelos pátios fez com que os alunos se interessassem pelo jogo.
Sem essa iniciativa, dificilmente haveria adesão ao projeto, pois, como sabemos, “só se ama aquilo que se conhece”.
Sendo também, um de nossos objetivos, o desenvolvimento da chamada “consciência crítica” dos alunos, procuramos um meio de fazê-lo.
O mais adequado que encontramos foi o de promover, através do “Júri Simulado”, acirrados debates a respeito dos mais variados temas.
Na realização desses eventos, contamos com a participação de autoridades e da Associação de Pais e Mestres.
Homens de reconhecida idoneidade, como o Dr. Eleito Soares e Dr. Caetano Carellos se colocaram á disposição da Escola e, por várias vezes, presidiram aquele “tribunal”, diante de numerosa e atenta platéia.
O “veredicto final”, como é de se prever, vinha sempre acompanhado de palavras de sabedoria, capazes de despertar aquela consciência crítica que buscávamos.
Salientamos também que foi assim que conseguimos também inibir a venda de bebidas alcoólicas para menores que, já naquela época, causavam muitos danos, pela comercialização livre sem qualquer restrição.
Desta forma, fica patente a força da educação quando voltada para o desenvolvimento da cidadania e integrada à comunidade em que a escola estava inserida.
E se outras iniciativas foram tomadas, como o “Natal dos Pobres”, as campanhas do agasalho, todas elas tinham o mesmo objetivo educacional, como tiveram os Jogos Olímpicos da Primavera, que criamos, em 1966.
Assim, ao vermos que o Governo começa a traçar novos rumos para a educação, achamos enriquecedor falar um pouco de nossa experiência.
Mais importante que informar é formar e não se pode ver o aluno como se fosse ele um ser alienado, sem o vínculo com a sociedade que o cerca.
O xadrez na Escola obriga o aluno a pensar e, como disse Pascal, o homem é um caniço o mais frágil da natureza, mas é um caniço que pensa.
Romper com a mesmice do ensino formal, é mais que uma obrigação da escola e, neste ponto, pelo menos na teoria, o Governo está indo em boa direção.

Sobre os rumos da Igreja Católica e os excessos da "liberdade de culto"

Temos insistido em temas polêmicos como os religiosos porque são preocupantes os excessos cometidos em nome da “liberdade de culto”.
Unicamente baseados em fatos, confessamos que eles nos deixam, verdadeiramente assustados!
Dentro da própria Igreja católica, só para exemplificar, existem divergências que se tornam públicas, deixando o rebanho desnorteado.
“Outras denominações religiosas sofrem ainda mais, pois, havendo discordância, uma das partes se afasta e ‘funda” nova seita, com nova denominação, novos dogmas, novos regulamentos.
Esse procedimento é amparado por lei, graças à omissão de políticos que não regulamentam o assunto, por medo de perderem votos.
Mesmo no enterro de João Paulo II, nosso país se fez representar por uma comitiva bem eclética, com forte conotação política, como quase todos os jornais comentaram.
Temos também notícias que dentro da Igreja Católica, pelo menos três correntes bastante fortes disputam o mesmo espaço:
-Inspiradas na Teologia da Libertação, como clara opção pelos pobres e de forte ação política, está a Igreja Progressista;
- Dizendo-se guiados pelo Espírito Santo e realizando mega-eventos com muita música e a busca de curas físicas e espirituais, estão os “carismáticos”.
-Em clara oposição aos dois grupos, na linha de João Paulo II, e de Bento XVI, fica a Igreja Tradicional.
Se outras correntes há, elas são menos visíveis, mas não menos atuantes, segundo alguns “vaticanistas”.
Podemos afirmar que, em todos os grandes acontecimentos mundiais do século passado, esteve presente a mão da Igreja, seja na derrubada do Muro de Berlim, seja nos movimentos dos Sem-Terra, dos Sem-Teto.
Entretanto, há um fato que tem preocupado bastante os líderes da Igreja Católica;
Referimento à perda de fieis para as chamadas “igrejas protestantes”, evangélicas ou pentecostais no Brasil e no Mundo.
Todos os estudos a respeito apontam para o distanciamento crescente dos pastores de suas ovelhas como a causa principal desta evasão, pois muitos católicos vêem no Padre a única fonte de conforto, nos momentos mais tristes e cruciais da vida.
A ausência desse conforto causa inevitável dispersão do rebanho.
Admite-se também que o ecumenismo praticado por muitos provoca uma equiparação inconseqüente da Igreja de Cristo com aquelas que, apesar de falarem em nome do Senhor, foram criadas pelos homens na intenção única de defender interesses passageiros e pessoais.
Misturando “alhos com bugalhos”, o delírio de muitos com a realidade palpável de outros, o desastre é inevitável!
O dilema em que se encontra a Igreja Católica é, por tudo isso, inquestionável!
Resta esperar que Bento XVI defina os caminhos da Igreja no Novo Milênio e que sejam eles capazes de fortalecer a fé, de unir o rebanho e entender que a Ciência é, apenas mais uma janela por onde se manifesta o imenso poder daquele que criou todas as coisas!

terça-feira, junho 06, 2006

Da Educação Formal

Sempre que se fala em EDUCAÇÃO FORMAL, os especialistas têm opiniões semelhantes, raramente contraditórias.
Entre os pontos coincidentes está aquele que preconiza uma educação em tempo integral e que se preocupa com o emocional da criança.
Na experiência de Anízio Teixeira , com a Escola Parque, já se falava sobre o assunto, colocando em prática aspectos polêmicos da educação.
Tudo aquilo que foi feito na Escola Parque serviu de modelo para vários governantes na criação de vários tipos de escolas, como os CIEPs, os CAICs, os GOTs e similares.
Infelizmente, como sempre acontece, a visão estreita dos governantes fez com que várias dessas escolas, inclusive a de Anísio Teixeira, fossem perdendo a qualidade “POR MEDIDA DE ECONOMIA”!.
Rememorando os primeiros tempos da E.E.Prof. Orlando de Lima Fariam com as áreas técnicas em pleno funcionamento, ali também o poder público interferiu negativamente , acabando com os cursos de Técnicas Comerciais, Agrícolas, Industriais além da Educação para o Lar!
Todas as instalações feitas para abrigar tais cursos, todo o material doado ao Estado, todo o tempo gasto para a qualificação dos professores, foi desprezado pelo Governo de Minas, “por medida de economia”...
E a única despesa que o Estado tinha com esses cursos era com o pagamento dos professores, um vergonhoso salário, como sabemos.
Um dos pontos, porém, mais importantes da formação Integral da criança está na educação que recebe do núcleo familiar, de seus parentes.
Como a criança passa bom tempo de seu dia, em contato com familiares, é preciso que todos tenham, para com ela, uma atitude educativa.
O despreparo de muitos para esta função é que, quase sempre, gera uma atitude de desinteresse, por parte do aluno.
Relativamente a esse tema, é verdade que poucos livros de orientação existem para os pais, pelo menos entre nós.
Podemos adiantar, porém que existem algumas regras básicas sobre o assunto, e dentre elas, está a necessidade de se mostrar ao educando que a escola é um prêmio para quem pode freqüentá-la.
O maior dos equívocos que se comete é associar o estudo a castigo, como pode se ver quando a mãe ou o pai, para punir a criança, tenta obrigá-la a ficar, “de castigo”, estudando.
É inacreditável saber que, em passado remoto, escolas colocavam alunos “de castigo”, após as aulas, para estudarem mais um pouco, ou os chamavam para sessões de “estudo”, aos domingos, também para puni-los.
Um absurdo, como também era o de nomear regentes de classe, simples colegas para zelarem pela disciplina da sala, num calor incentivo ao ‘dedurismo” tão deletério e pernicioso.
Muitos educadores, ainda, cometem o equivoco de só permitir a prática de esportes a alunos que conseguem boas notas!
Sabe-se perfeitamente bem que é justamente esse tipo de aluno que mais precisa de estímulo e a prática de desportos pode aumentar-lhes a auto-estima, revertendo todo o quadro de aversão aos livros.
O esporte pode fazer com que o aluno goste da escola e, em conseqüência, passe também a gostar do estudo!
Na proibição que se faz, mais portas são fechadas, no sentido de integrar a criança á comunidade em que vive.
Honestamente, não encontramos um só defensor de peso desta prática discriminatória!
O uso de expressões como “vai ficar de castigo, estudando” ou “ se não tirar boas notas, não pode praticar esportes”, faz parte de uma pedagogia ultrapassada, nada acrescentando à personalidade da criança e apenas demonstra que quem as utiliza, não se preparou adequadamente para a dignificante missão de EDUCAR!

Do Obscurantismo

Muitos de nós acreditamos que o obscurantismo, num país de milhões de analfabetos, como o nosso, seja uma força predominante, dirigindo as ações do Governo.
A razão é que os líderes, para não perderem a rédea de seus eleitores, agem como sugeria Juvenal, fornecendo ao povo o “panem et circenses”, por ser este o ideal que motiva as massas, em todo o mundo.
Isto se manifesta através de campanhas assistencialistas, como o ‘Fome Zero” e no inventivo aos esportes de massa, bem como a realização de grandes eventos, como rodeios e shows de música sertaneja que nada têm de identidade com as nossas raízes.
Só de saber quais são os ídolos populares passamos a compreender a força da manipulação exercida pelos donos do poder!
Bem mais forte do que se imagina é, pois, o poder dessa gente que investe mais em propaganda do que em sala de aula.
E, para não deixar de citar um exemplo pessoal, vamos lembrar que, na segunda metade dos anos 50, recebemos um “conselho” de um representante da diocese a que pertencíamos, no sentido de não citar Darwin em nossas aulas de Biologia, pois ele contrariava os ensinamentos sobre a existência de Adão e Eva...
Lamentamos muito mas nossa posição foi a de não ceder a esse apelo obscurantista.
Afinal de contas, acreditar ou não em Adão e Eva era um problema religioso e não biológico.
A ciência e a fé jamais poderiam entrar em choque, pois o universo de cada uma é bem distinto do da outra.
Claro que, ainda hoje, muitos procuram discutir Ciência à luz da Religião e vice-versa, forma inadequada de se buscar a verdade.
A respeito do assunto, não resta dúvida de que o fundamentalismo religioso é tremendamente obscurantista, como sempre o foi, especialmente na Idade Média.
Dispensa comentários verificar que em pleno século XXI, milhões de pessoas deixam se envolver pelos apelos das chamadas religiões da Nova Era, agrupando-se em torno de curandeiros, farsantes, charlatães, buscando a cura de doenças só existentes numa mente doentia ou sofredora, exploradas pelos ladrões da alegria que se proclamam mensageiros de Deus e vendem a palavra do Senhor, em cultos que nada têm a ver com uma verdadeira religião, voltada para o espírito e para a luz!
Assim, neste clima de mentiras e enganos, forma-se o fanatismo a ponto de já terem fundado, na Argentina, a Igreja Maradona, em homenagem ao “Santo da bola”, o infeliz ex-jogador portenho.
Diego Maradona, alçado à categoria de Santo, como muitos “Santos” aqui existem, entre nós, agindo em nome do obscurantismo...
Inútil tentar desfazer tais equívocos pois, da mesma forma que existe uma “indústria da seca”, parece existir uma outra, mais perversa, que é a do analfabetismo, que condena milhões e milhões de brasileiros ao pior tipo de cegueira – a cegueira espiritual!
A cada um de nós que aprendemos a ler e a pensar, cabe lutar contra este estado de coisas, escolhendo bem nossos representantes e fugindo de todos aqueles que dizem falar em nome do Senhor mas que agem, conscientemente ou não, em nome do obscurantismo que condena nossa gente à miséria e à morte, apesar do panem et circenses- pão e palhaços- oferecidos pelos donos do poder!

DO NEPOTISMO

Se o Congresso Nacional ouvir a indignação popular contra a prática do nepotismo, ele irá sofrer um duro golpe, entre nós.
Entretanto, apesar das iniciativas neste sentido, temos a sensação de que o fim desta imoralidade ainda está longe de acontecer, tendo em vista a falta de caráter de muitos dos nossos políticos.
Pensamos assim porque, apesar de inúmeros partidos já terem se revezado no poder, o “filhotismo” continua cada vez mais disseminado.
Estabelecer normas contra o nepotismo vai abrir “rotas alternativas” para burlar a lei, seja através de ONGs, de empreiteiras, de empresas terceirizadas ou afins.
Nada impedirá que políticos deformados nomeiem seus parentes para os melhores cargos, com os mais altos salários, mesmo que não seja de empresas públicas!
Só mesmo um tratamento de choque contra a imoralidade administrativa poderia produzir algum resultado.
O ideal seria o eleitor, sistematicamente, negar o seu voto a quem age contra princípios éticos, julgando-se dono de um poder que vai se transformando em hereditário, transferível de pai para filho...
Embora não pareça, o simples debate sobre práticas tão nefastas é bastante positiva pois, através dele, ficamos sabendo que, ao lado de um Severino Cavalcante, estão muitos “intocáveis”, como José Dirceu e Antonio Palocci, cujas esposas também se beneficiaram do nepotismo.
Mesmo que sejam elas as melhores funcionárias disponíveis, pelo simples fato de não terem sido escolhidas via concurso público, a nomeação das mesmas é moralmente insustentável.
Tivessem sido elas nomeadas antes da eleição de Lula, em nada mudaria a situação, pelo motivo assinalado.
Inútil qualquer tentativa de explicação pois, como sabemos, os fins não justificam os meios!
Todos aqueles que sonham com um país mais justo, mais equânime, mais democrático, um país “verdadeiramente para todos”, não podem concordar com práticas odiosas de discriminação.
Entre Severino, Dirceu e Palocci, por mais que possa parecer cruel, neste campo não há diferença moral.
Dirceu e Palocci serviram-se de amigos para nomear as respectivas esposas para cargos privilegiados, com régios salários.
Enquanto isso, Severino não se envergonhou de, ele mesmo, fazer as (in)devidas nomeações...
Sem se importar com os comentários, o parlamentar que ainda acentuou que “se tivesse mais dez filhos, também os nomearia para cargos de confiança”...
Estabelecer diferenças entre os três, sem levar em conta que os atos foram os mesmos, é mero exercício de hipocrisia.
Já sabemos que a aprovação de uma lei contra o nepotismo não irá eliminar o problema, apenas mais um que se soma aos outros que agridem nossa gente, seja no desemprego, no baixo salário, na péssima assistência médica, na educação falida, na (in)segurança pública, mas a medida pode soar como um grito de esperança!
O nosso povo, - como diria Chico Anísio, mesmo com a lei aprovada, continuará a ter medo do futuro mas, pelo menos aqueles políticos que, votaram contra esse tipo de imoralidade pública, seguramente, passarão a ter um pouco menos de medo do passado...

domingo, junho 04, 2006

DE CONSELHOS E DE IMPROVISOS

É invariavelmente lamentável a argumentação de Lula, em seus temidos improvisos, nos palanques presidenciais.
Só para exemplificar, em Angicos, ao defender a transposição do Rio São Francisco, nosso Presidente, com aquela habitual veemência, afirmou que “só poderia ser contra a obra quem ainda não tivesse carregado uma lata d’água na cabeça, por cinco ou seis léguas de distância, para preparar a comida do almoço”.
Bastaria alguém ter lembrado a Lula que, dentre os opositores do projeto do Governo, há muitos cientistas de renome e que, mais ainda, o respeito ao contraditório é uma das vigas da democracia, para que nosso primeiro mandatário tivesse mais cautela em suas palavras.
E o argumento dos que se opõem à transposição é bem sólido, uma vez que, segundo eles, se o problema da fome no Nordeste fosse o de falta d’água não haveria tanta miséria às margens dos grandes rios que cortam a região nem em volta dos enormes açudes que lá existem.
Lula parece que se esqueceu que a falta d’água potável era muito comum, na maioria das cidades brasileiras, na primeira metade do século passado, isto é, no período da infância da maior parte da população adulta, de hoje.
As cidades, como Muriaé, mesmo situadas na rica região Sudeste possuíam, em geral, uma “mina d’água”, que abastecia a população e de onde os moradores retiravam água para beber e cozinhar, sendo comum os “carregadores de água” que, em muitas delas, ainda não desapareceram.
Comumente, Lula também faz referencia à infância pobre que teve com a presença ameaçadora da fome a todos obrigando a trabalhar e, igualmente se esquece de que, à mesma época, idêntico fenômeno ocorria em quase todas as famílias do interior, como subproduto do descaso com que todos os governos trataram a questão do emprego, no nosso país.
O fato é que, mesmo nos dias de hoje, a sombra perversa da miséria e da fome ainda ronda os lares mais humildes, nos campos e nas cidades, em virtude do desemprego ou do subemprego.
Muitos dos 53 milhões de eleitores de Lula têm uma história de vida semelhante à dele e uma das razões de sua vitória foi que ele prometeu modificá-la, caso fosse eleito.
O outro erro, muito comum nas falas presidenciais, é o de estabelecer uma estranha relação entre “pobreza e honestidade”, criando a ilação de que ser rico é ser desonesto.
As mensagens passadas, inclusive em propagandas institucionais, são incorretas visto que honestos há entre pobres e ricos, judeus e cristãos, gordos e magros, negros e brancos, altos e baixos, pois a honestidade não é uma prerrogativa de classes ou grupos e, sim, é um atributo individual.
Restabelecer, em seus pronunciamentos, os caminhos do pensamento lógico, deveria ser a preocupação principal dos assessores de Lula.
Os seus assessores, que tanto temem seus improvisos, deveriam adverti-lo a respeito do assunto.
Sendo ele criado na esteira do diálogo talvez aceitasse o conselho amigo de pensar bem, antes de falar.
Aqui fica nossa observação, embora estejamos convictos de que conselho nada vale, pois se dado a um insensato, ele não vai segui-lo e, se dado a quem não precisa dele, é perda de tempo...

QUERO TEU CHEIRO

Quero teu cheiro, desejo e chama, no beijo que chama e clama e aclama, teima e me traduz. Na luz serena da morena, que acena com a vida, ávida e vadia, audaz e perene.

Quero teu sentido, ameno e amoral, amargo delírio, nos lírios do campo, nas sendas e searas. Quero o amares nos mares e marés, na trilha do sol, no arrebol e na terra, treino e acento, aceito e assento, assertiva que mente e remete à mente que traz o audaz que seduz, em tua luz e amplidão.

No chão que pisas concisa e complexa; nos plexos e praças, nos arredores dos lugares por onde flutuas, delicias e deliras os olhos perdidos, os medos perdoados, denodados dos nós dados de nós atados em nós, urdidos e ungidos num ágil e frágil pendão.

Quero o acero de teus lábios, sábios e cruéis, de viés, ao revés ao invés. Desviados das vias onde voas, onde havia a harpia que devora. Voraz e virtuosa, com as mãos mais audazes, velozes, audaciosas, cônscias e cientes, do que, de repente, no repente, repetidos atos atam em nós.

Minha amada nada mais quero e espero senão o teu perdão, pendão e acórdão, cordão que ate e que arremate, maltrate e acaricie. Vicie e delicie quem quer que se veja, na mesma peleja, na mesma cantiga, antiga e perene.

Amo teu amor, amo e escravo, me lavam e me levo me deixo ao teu rumo, no aprumo que decidires, nos dizeres que conjugares, nos ares que voares nos mares que nadares, onde quiseres por onde vieres e para onde fores.

Nas flores e odores, nas dores que escolheres, nos mesmos motivos que sirvam de tema. Que sejam teu lema e tua gema. No mesmo leme, no mesmo cerne, que concerne a quem ama.

Na vida que queima na curva do rio, na trilha da estrela, ao vê-la me perco.

Na vela que consome que some e bruxuleia, no brilho dos olhos, na filho que teremos, no amor que produz e reproduz, na noite das estrelas, desse hotel onde estamos nos amores que tragamos e estragamos pela vida afora.

Mas, agora , nada importa, tranque a porta e abra o peito.

Teu confete, teu confeito somos ambos nesse tempo. Nosso tempo nesse templo em que contemplo e perpetuo nosso duo, nosso dia, na poesia que derramas, nessa cama, nossa chama, nos chama e declina. No declínio da noite, o arremate, o combate, nada abate nosso trato, no contato, no contrato, contralto e contrabaixo, nosso facho, acho que a lua, a rua e a cachaça, nosso pia batismal.

Nosso doce carnaval, canavial dos desejos, nos beijos e afetos, nos perpétuos ósculos e ócios, vícios e delícias.

Nos teus seios que sei-os tão meus, nesse momento são regaço, meu cansaço, onde lasso, teus laços e meus traços são um só.

Amo-te, desse amor tão mais urgente que necessito ardor, que transmite a dor, e consola minha perda, minha perca e minha musa, minha medusa.

Abra a blusa e, confusa, com fusão, entre lábios e delírios, somos todos um só corpo, absorto e absurdo, surdos e semimortos, filhos dos mesmos tratos, nos contatos e contratos entre Hermes e Afrodite, acredite minha amada, aceite essa madrugada, como estrada e madrigal. Nesse doce precipício, o fim de tudo é o início, o meu renascimento, o momento mais sublime, o suplício, a súplica, o início, a última esperança!

DO SANGUE DO BOI E DO PAVIO

Diante do bombardeio de tantas notícias ruins com que somos diariamente alvejados, resolvemos escrever sobre assuntos mais amenos, como as histórias que se segue que, apesar de impróprias para menores, trazem-nos boas recordações de pessoas com que vivemos por longos anos.
As histórias são verídicas e colocam, em destaque o poeta e professor Antonio Viçoso Magalhães, de saudosa memória.
Sabem, todos que o conheceram que o professor Viçoso tinha um lado espirituoso, varias vezes reveladas em nosso convívio.
Inteligente e culto era ele uma pessoa que “perdia o amigo, mas não perdia a piada’, especialmente se ela fosse boa...
Lá pelos idos da segunda metade dos nos 50, na portaria do Colégio São Paulo, à espera de um automóvel que iria levar o Bispo Diocesano Dom Delfim Ribeiro Guedes, de volta a Leopoldina, estávamos nós, mais Cônego Ivo, S. da Cunha, Professor Viçoso, o Bispo Dom Delfim e o Prof. Ildeu, “batizado” por alunos irreverentes com o apelido de “Lalau Camisola”, pelo fato de usar jalecos em suas aulas...
Entre um assunto e outro, Prof. Ildeu aproximou-se do ProfessorViçoso e mostrando os cabelos que “ornamentavam” o peito do seu amigo, disse:
“Um simples olhar para o peito do Professor Viçoso vai demonstrar que o homem realmente veio do macaco!”.
Grande mal estar se formou, acompanhando aquele silêncio que precede as tempestades.
O sangue fervendo nas veias, Professor Viçoso se recompôs e retrucou, com a conhecida ênfase:
-Se somos ou não descendentes do macaco, eu não sei! Tenho apenas uma certeza: o meu peito ficou cabeludo assim depois que eu MAMEI na sua Mãe!
Desnecessário dizer que o silêncio se fez absoluto...
Em outra ocasião, na Sala dos Professores do Colégio Estadual, durante um intervalo de aula, Dona Cléria Ticon foi entrando e, em alta voz, contava a novidade:
-Triste destino o da mulher que trabalha no Matadouro Municipal! Bebendo de uma só vez, cinco litros de sangue de boi!
Diante da perplexidade geral, professor Viçoso fez a pergunta que todos gostariam de fazer:
-O que aconteceu com a pobre mulher? Está internada ou já morreu?
-Ainda não morreu, respondeu Dona Cléria – mas já “evacuou” quatro quilos de chouriço!
Debaixo de sonoras gargalhadas, Professor Viçoso não perdeu a classe e saiu-se com essa:
-E muito pior aconteceu com uma amiga minha que, desesperada, pegou uma banana de dinamite, acendeu o pavio e, para tentar o suicídio, enfiou a dita cuja nos órgãos genitais, à espera da terrível explosão!
Sem perceber que estava caindo numa armadilha, Dona Cléria, visivelmente transtornada, comentou:
-Estou realmente curiosa! Nunca ouvi falar em algo semelhante, mas quero saber se ela morreu ou não, qual o fim da história?
-O final da história – concluiu o professor Viçoso, é que a mulher não morreu porque, na última hora, ela fez xixi e apagou o pavio...